“Janaína, minha virgem proibida: na falta de uma carruagem de ouro, comprei um Camaro dourado”, diz Tim Maia, já adulto, à linda garota que ele conhece desde a adolescência quando decide buscá-la para o primeiro encontro entre os dois. A cena está na segunda parte de “Tim Maia”, filme de 2014 que conta a trajetória do cantor e compositor brasileiro desde sua juventude, no bairro da Tijuca, na zona norte carioca, até sua morte, em 1998.
Janaína (interpretada por Alinne Moraes) não é uma personagem real. No longa, ela representa as mulheres da vida de Sebastião Rodrigues Maia, verdadeiro nome do astro. Tanto ela quanto o Chevrolet dourado são, no filme, as primeiras conquistas dele após se tornar o “rei do soul” – nesse momento o ator Robson Nunes é substituído por Babu Santana, que dá vida a um Tim mais maduro.
A participação da versão RS do Camaro 1967 (no longa, ele é identificado como 1970), de primeira geração é curta (menos de três minutos), mas marcante. Já rico e famoso, Tim Maia quer comprar um carro, e é seu amigo Fábio (Cauã Raymond), outro personagem fictício, quem lhe mostra um catálogo do muscle car e o convence a ficar com o conversível.
Tim, como era típico de sua personalidade, protesta e esperneia, o que resulta em muitos momentos divertidos. “O camarada tem de tirar um brevê para dirigir isso aqui?”, fala, após Fábio listar todos os atributos do Camaro. “Vou ficar parecendo o Agnaldo Timóteo”, diz.
Ele usa argumentos como a crise do petróleo para rejeitar o Chevrolet. “Carro é invenção satânica que só poderia vir da cabeça de branco. O mundo ainda vai acabar por causa do petróleo”, afirma, raivoso. “Ele vai de 0 a 100 km/h em 8 segundos”, retruca Fábio para, enfim, convencer o “rei de soul”.
O Camaro dourado surge em seguida, em um passeio da dupla pela bela serra do parque da Tijuca. A estrada estreita é rodeada por árvores e tem muitas curvas. Na sequência seguinte, noturna, com a capota de vinil fechada, o cantor vai buscar Janaina em casa. O carro só volta à tela com uma placa de “vendo” no final do filme, que retrata um dos períodos em que o cantor entrou em crise financeira.
Impecável. O exemplar de 1967 do Chevrolet usado no filme é um velho conhecido nos eventos de clássicos. O carro pertence a um casal de colecionadores e passou por um processo de restauração completo. Em outubro do ano passado, ele foi exposto em uma mostra em Santos (SP) que reuniu 200 clássicos da história do cinema.
História. A primeira geração do Chevrolet Camaro, um dos “sonhos americanos”, foi lançada em 1966, como modelo 1967. O exemplar de “Tim Maia” tem motor 327, com oito cilindros e 5,4 litros, combinado ao câmbio manual de três velocidades.
Os diferenciais da versão RS, como a do filme, são os faróis escondidos, as lanternas exclusivas e o tom brilhante da pintura. Qualquer das opções de carroceria e motor – havia também um 3.8 de seis cilindros – podia receber o pacote RS. Além de conversível, a linha também contava com configurações cupê de quatro lugares.
A primeira geração foi feita até 1969 e, no último ano, recebeu algumas atualizações. Entre elas, o motor V8 passou a ter 5 litros. A segunda geração foi mais longeva, produzida de 1970 até 1981. A plataforma era a mesma – chamada de F -, mas o novo Camaro trazia mudanças estéticas e estruturais. Pela primeira vez na história o carro adotava motor turbo.
A terceira geração foi fabricada de 1982 a 1992. Entre as novidades da linha estavam a injeção eletrônica e o câmbio automático. Na quarta, a base foi reformulada. Motores de até 325 cv faziam parte da linha feita de 1993 a 2002, que encerrou a primeira fase de vida do carro.
O Camaro voltou em 2010, com a quinta geração e a nova plataforma Zeta. No fim do ano passado, chegou à sexta.