O trabalho pesado parece não ser mais a prioridade das picapes médias de cabine dupla. Não que elas não tenham aptidão para o batente, mas as novas representantes do segmento estão dando cada vez mais evidência ao luxo que à robustez. É o caso da Hilux, cuja nova geração acaba de chegar e já desafia a S10, líder de vendas da categoria no País.
Neste comparativo, a versão SRX, de topo da Toyota fabricada na Argentina, que tem tabela de R$ 188.120, encara a nacional S10 High Country, a R$ 163.450. E se sai melhor.
A briga só foi acirrada por causa dos valores da Hilux. Além de mais cara de comprar, seu seguro custa quase o dobro do da S10 (veja no quadro abaixo).
A Toyota vai melhor no conjunto mecânico, graças ao bom casamento entre motor e câmbio, bem como na lista de itens de série e no acabamento.
De fábrica há controles de tração e estabilidade, sete air bags, partida do motor e abertura das portas sem uso de chave, faróis de LEDs, assistente de partida em subidas, controle de velocidade em descida e volante com ajuste de altura e profundidade. Com três modos de condução, dá para deixar as respostas ao acelerador mais lentas ou rápidas, à escolha do freguês.
A S10 tem alguns desses equipamentos, mas menos sofisticados que os da rival. Entre os exemplos há apenas os dois air bags (obrigatórios por lei) e no volante o ajuste é só de altura.
A cabine da Hilux é mais bonita e seu acabamento aparenta ter qualidade superior ao da concorrente. Na S10, o revestimento monocromático e emborrachado não faz jus a um veículo dessa faixa de preço. Atrás, dois adultos viajam bem melhor que três nas duas picapes – na Hilux os porta-objetos estão mais bem localizados.
Rodando. As duas têm motor turbodiesel de 2,8 litros e quatro cilindros. O da Hilux gera 177 cv e 45,9 mkgf. Na S10 são 200 cv e 51 mkgf. Em ambas o câmbio é automático de seis marchas com opção de trocas manuais na alavanca.
Pisando de leve no pedal do acelerador, a Toyota arranca melhor, graças ao torque entregue mais cedo. Algo bom para o dia a dia nas cidades, por exemplo. Mas, se o motorista precisar ganhar velocidade com ímpeto e pressionar o pedal vigorosamente, os 200 cv da S10 mostram seu valor. Em saídas rápidas, a Chevrolet supera a rival.
O câmbio da Hilux trabalha melhor que o da S10, que parece não se entender com o motor e, em subidas, chega a fazer trocas desnecessárias de marcha.
A posição de guiar é mais fácil de encontrar na Hilux, pois, além do ajuste extra no volante, seu banco desce mais.
Na S10 a direção tem respostas mais rápidas, enquanto a da Hilux é mais conservadora e lenta, tal qual a do sedã Corolla.
A suspensão é independente na dianteira e com eixo rígido atrás nas duas picapes. Na Hilux, o acerto é melhor e mais confortável em qualquer situação. Na concorrente, as reações são mais ríspidas, o que faz a traseira pular em pisos irregulares. O lado bom é que sua carroceria rola menos em curvas.