Na virada do milênio, quando o mercado de sedãs médios era farto de opções nacionais e importadas, que brigavam em preço e capacidades, a Citroën tentava seu espaço com o controverso Xantia e já preparava espaço para a chegada da primeira geração do C5, lançada em 2001. A favor do sedã francês (que tinha abertura inteiriça da tampa traseira, como num hatch grande), um bom motor 2.0 e a suspensão hidropneumática, que prometia estabilidade acima da média para o Xantia. Veja o que achamos no teste publicado em 08/03/2000, nas palavras de Marcus Vinicius Gasques.
Citroën Xantia envelhece mas preserva a boa estabilidade
Nova versão do modelo francês deverá ser lançada no fim do ano, no Salão de Paris
Deve ser surpreendente para os demais motoristas. Ao ser imobilizado numa parada de semáforo, por exemplo, o Xantia “acomoda-se”, balançando até atingir a melhor distribuição de peso entre as quatro rodas. Se o dono do carro quiser mesmo intrigar quem está ao lado, pode recorrer à alavanca que controla a suspensão hidropneumática e fazer a carroceria subir ou descer, como se estivesse em um elevador.
Mas o sistema de suspensão desse Citroën não está para brincadeiras. No Xantia GLX 2.0 16V avaliado pelo JC, o carro mostrou que substituir molas e amortecedores por esferas com gás e fluido pode garantir muito equilíbrio e transmitir conforto e segurança para os ocupantes.
A montadora francesa sempre investiu em soluções alternativas para a suspensão de seus modelos. No Xantia, ela pode descer para uma posição de descanso, ou subir a ponto de deixar quase todo pneu exposto. O eixo traseiro, autodirecional, permite que as rodas voltem-se ligeiramente para o mesmo sentido da curva, melhorando a direção e estabilidade.
Lançado há oito anos, o Citroën Xantia já mostra sinais de cansaço em seu estilo de linhas muito retas,- como o friso cromado que acompanha toda a lateral do carro. Hoje conservador, o modelo francês fica no meio termo entre um sedã e um hatchback, com a tampa do porta-malas, ou quinta porta, descendo suavemente em direção à traseira.
Mesmo assim, o arrojo de seu estilo, na época do lançamento, é atestado pelas nervuras na tampa do motor ou o desenho dos faróis, detalhes agora comuns a vários modelos. O carro de 4,5 metros tem pára-choques amplos pintados e rodas opcionais de liga leve.
Silêncio.O Xantia é um carro muito silencioso, o que valoriza ainda mais o conforto garantido pela direção hidráulica ajustável na altura e pelo câmbio automático de quatro marchas. Batizada de Auto-active, a transmissão tem funcionamento bastante suave, que se adapta ao estilo de condução do motorista. Oferece alternativa de respostas esportivas ou destinada a pisos escorregadios.
O painel do Xantia tem os instrumentos básicos e comandos acessíveis. Destaque para as oito funções do rádio e toca-discos, que podem ser administradas por teclas junto ao volante. Ambos – som e teclas – são opcionais. O motorista não precisa nem ligar o limpador quando chove – nesse caso, um sensor aciona as palhetas automaticamente.
O banco do condutor tem regulagem mecânica de altura e apoio lombar, mas o descanso de braço central mais atrapalha do que oferece alguma utilidade. O vidro do motorista funciona com um toque.
Bom para quem está ao volante, melhor para os passageiros. Os bancos têm revestimento discreto e muito agradável ao tato, e o ar-condicionado eletrônico pode ser regulado na temperatura desejada. O teto solar é elétrico.
O Xantia GLX automático já vem razoavelmente equipado pelo preço de R$ 49.760,00, que inclui bolsas infláveis dianteiras e laterais para motorista e passageiro. As portas contam com barras de proteção.
Ainda no capítulo segurança, os cintos de segurança têm ajuste de altura. Há apoio de cabeça e cintos de três pontos para dois dos passageiros do banco traseiro. O terceiro vai desconfortável por causa do túnel quadrado no chão e ainda usa cinto apenas abdominal.
A terceira luz de freio é integrada à tampa do porta-malas, e os faróis halógenos têm regulagem elétrica de altura. O amplo vidro traseiro possui desembaçador elétrico e limpador com lavador. Os retrovisores externos também têm ajuste elétrico e desembaçador.
Para parar, o Xantia tem freio a disco nas quatro rodas; e a capacidade de carga no porta-malas é grande
Para um 16 válvulas, o motor do Xantia GLX agradou bastante. Não mostrou aquela inércia irritante que costuma afetar carros equipados com propulsores de quatro válvulas por cilindro; em vez disso, respondeu com prontidão à pressão no acelerador.
Os quatro cilindros em linha (1.998 cm³), alimentados por injeção eletrônica multiponto, desenvolvem a potência de 126 cv. Segundo dados da Citroën, o carro de de 1.340 kg acelera de 0 a 100 Km/h em 9,1 s, e atinge a velocidade de 212 km/h.
Consumo alto.O carro anda bem, mas cobrou seu desempenho em consumo um tanto alto de gasolina. Rodando no trânsito urbano, o Xantia ficou na modesta média de 6,88 km/litro. Na estrada, o consumo foi de 13,97 km/l. O tanque do carro é grande – 65 litros – e sua tampa é travada pelo controle remoto.
Para parar, o Xantia GLX conta com freios a disco nas quatro rodas. O sistema antitravamento de rodas ABS de quatro canais é de série. Mesmo com bancos na posição normal, o porta-malas do Xantia acomoda bom volume de bagagem: 480 litros. O encosto do banco pode ser rebatido (1/3, 2/3) e sua capacidade sobe para 1.405 litros. O banco tem ainda uma abertura para objetos longos.
Além do controle remoto para destravar as portas e a tampa do porta-malas, a chave do Xantia está equipada com transponder que libera eletronicamente a ignição.