Entre 1999 e 2002, Faria formou um acervo de 25 exemplares. Como já estava determinado a vendê-los ao se aposentar, ele sabia que não bastava ouvir o coração na hora da compra. “Escolhi modelos com liquidez no mercado de antigos”, conta.
Quando chegou a hora certa, o engenheiro se desfez do acervo sem dor. Em 12 meses, conseguiu passar adiante quase toda a coleção, com exceção de três veículos, entre eles o Mercedes.
Comprado em 2001, com apenas 30 mil km rodados, o conversível sobreviveu ao “paredão” por ser o favorito do dono, mas também por atributos racionais. “Tive alguns modelos mais ‘gastões’ e pesados. Preferi ficar com carros que pudesse usar com frequência. O Mercedes é fácil de guiar, não é tão grande e, se for bem conservado, pode rodar regularmente.”
Com motor de seis cilindros e 2,8 litros e câmbio manual de quatro marchas, o modelo ganhou o apelido de “Pagoda” por causa do teto côncavo, mais alto nas laterais que no centro, lembrando as linhas de templos religiosos orientais. “Os engenheiros da marca quiseram facilitar o embarque dos alemães médios, que são altos, e acabaram criando um ícone na trajetória da Mercedes”, diz Faria.
Na versão conversível, remover a capota rígida é uma operação trabalhosa que exige a participação de quatro pessoas.“É preciso liberar as presilhas e, ao retirar a peça, pousá-la com cuidado em um suporte. Não dá para colocá-la no chão”, explica Faria.
Discreto. O carro está impecável, mas nem por isso o engenheiro se anima a usá-lo no dia a dia. Nos trajetos de rotina ele usa um Ford Focus 2011.
“Rodo com o Mercedes apenas o suficiente para conservá-lo. Ele chama muita atenção e fico apreensivo ao circular com ele na cidade”, diz Faria, que prefere deixar o carro brilhar em eventos de antigos – já ganhou prêmios em Águas de Lindoia e Águas de São Pedro, ambas no interior, e em Vitória.
O carrão já colocou Faria em uma situação engraçada. “Sou parecido com o (ex-presidente da CBF) Ricardo Teixeira. Um dia, um senhor que vendia água no semáforo me confundiu com ele, atraído pelo carro. Depois, percebeu que havia se enganado e nós dois rimos.”