Utilitário-esportivo com motor a diesel, câmbio automático, sete lugares e tração 4×4: essas são as características que unem a nova geração do Toyota SW4 e do Land Rover Discovery Sport, que no segundo semestre passará a ser feito em Itatiaia (RJ). O renovado modelo argentino sai a R$ 229.500, enquanto o inglês parte de R$ 230.196 e chega a R$ 238.436 com a sétima fileira de bancos, que é opcional na versão avaliada, SE.
Vitorioso neste duelo, o Discovery Sport tem estrutura monobloco, mais sólida que a do rival, além de melhores mecânica e dirigibilidade. A base de chassi sobre longarina do Toyota reduz o conforto e prejudica a dirigibilidade. A disparidade só não foi maior porque, apesar de ter seguro mais em conta, a cesta de peças do Land Rover é R$ 7 mil mais cara que a do SW4.
A lista de itens de série de ambos é ampla e inclui sete air bags, controles de tração e estabilidade, assistentes de partida em aclive e de descida, acionamento elétrico do diferencial, câmera na traseira e central multimídia com navegador GPS, leitor de DVDs e TV. O Land Rover tem a mais sensor de obstáculos na frente, mas o SW4 traz chave presencial e faróis “full-LEDs” – os do Discovery são de xenônio.
O acabamento interno é muito bom em ambos. No Land Rover, o seletor giratório que faz as vezes de alavanca de câmbio e se “esconde” no console ao desligar o motor se destaca.
Com entre-eixos de 2,74 metros, essa dupla acomoda bem quatro adultos. Na terceira fileira, que tem acesso difícil em ambos, só cabem crianças. Ponto para o Land Rover, no qual o sistema é mais simples de acionar e não compromete o espaço interno quando há sete pessoas a bordo.
No uso urbano, os 4,79 metros do Toyota – 20 cm a mais que o rival – atrapalham na hora de procurar vagas. Além disso, o SW4 requer mais manobras para estacionar.
Discovery Sport é melhor de guiar. Com motor 2.2 de 190 cv e 42,8 mkgf, no Discovery as arrancadas e retomadas de velocidade são bem mais vigorosas que as do Toyota, com seu 2.8 de 177 cv e 45,9 mkgf. A agilidade superior é proporcionada também pelo câmbio automático de nove marchas, que é mais bem escalonado e faz trocas mais rápidas e sutis que o de seis velocidades do SW4.
Em movimento também fica claro que o isolamento acústico do utilitário inglês é melhor que o do argentino. Na cabine quase não se ouve o motor trabalhando, ao contrário do que ocorre no SW4.
Além de tração 4×4 e reduzida, o Land Rover dispõe de modos pré-programados para lidar com diferentes tipos de piso, algo que o rival não oferece.
Em velocidade de cruzeiro, em torno dos 110 km/h, a direção com assistência elétrica do Discovery transfere melhor ao motorista o que ocorre no contato do carro com o solo que a hidráulica do SW4, que é demasiadamente leve.
Como o Toyota tem centro de gravidade muito alto, sua carroceria rola mais em curvas. O resultado prático é que nesse caso seus pneus “cantam” com facilidade, o que leva o controle de tração a entrar em ação com mais frequência.
A suspensão traseira com eixo rígido do SW4 é menos eficiente ao absorver os impactos com o piso, além de fazer com que o carro pule mais sobre pisos ruins. O sistema do Land Rover, mais bem ajustado, combina equilíbrio e conforto.
Opinião. Utilitários-esportivos derivados de picapes, como o SW4, estão perdendo espaço. Isso porque os donos desse tipo de veículo costumam rodar, na maior parte do tempo, nas cidades. Modelos mais parrudos, e invariavelmente menos confortáveis, vêm perdendo espaço para outros criados exclusivamente para serem jipes de luxo.
A prova é que no grande e concorrido mercado brasileiro, há, além do Toyota, apenas outros dois carros desse tipo: o Chevrolet Trailblazer e o Mitsubishi Pajero Dakar. Da Land Rover, havia o Defender, mas a marca encerrou sua produção – a próxima geração terá monobloco.
O Discovery Sport mantém a boa capacidade off-road, mas aliada ao requinte de um lorde inglês. O Land Rover oferece mecânica mais avançada, mas peca em relação a alguns itens de comodidade, que o Toyota, mesmo sendo mais rude, traz de série.