O F-Pace, primeiro utilitário-esportivo da Jaguar, chegará ao Brasil em julho trazendo na bagagem quase 70 anos de história. A explicação para esse suposto paradoxo é simples: o modelo pioneiro da marca de luxo carrega o DNA dos jipes de sua “irmã” Land Rover, fundada em 1948 e conhecida por produzir jipes que se tornaram sucesso de crítica e público, como o Defender e, mais recentemente, o Range Rover Evoque.
O novo modelo, cuja pré-venda no País terá início em maio, será oferecido em três versões: V6, com 340 cv de potência, V6 S com 380 cv (ambas a gasolina), e 2.0 Turbodiesel de 180 cv – para todas o câmbio será automático de oito marchas. Os preços ainda não foram divulgados, mas deverão partir de cerca de R$ 300 mil.
Por utilizar a base dos sedãs XF e XE, com os quais compartilha 81% das peças, o F-Pace é o Jaguar com a maior quantidade de componentes feitos de alumínio. Além do motor, suspensão e capô, esse metal também está em mais de 80% da carroceria, o que representa apenas 300 kg da pouco mais de 1,8 tonelada do modelo . Cada lateral do carro, construído em uma única peça, tem apenas 6 kg.
Com excelente distribuição de peso (50% em cada eixo), o utilitário-esportivo inglês é apenas 11 cm mais comprido que um sedã Toyota Corolla, por exemplo. E tem coeficiente aerodinâmico de mero 0,34 – o mesmo do esportivo F-Type. Ou seja: a carroceria do jipe tem baixa resistência ao ar, o que melhora sua eficiência em acelerações e reduz o consumo de combustível, entre outros pontos positivos.
Aliás, na versão V6 S, como a avaliada, o F-Pace pode acelerar de 0 a 100km/h em 5,5 segundos. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h.
No visual, a semelhança da dianteira com a do sedã XF chama a atenção. Atrás, as lanternas são claramente inspiradas nas do F-Type (que, por sua vez, lembram as do Evoque). Aliás, no interior, os botões de acionamento dos vidros elétricos e o seletor de marchas são os mesmos de alguns Land Rover.
Se por um lado isso reduz os custos de produção e acelera o processo de desenvolvimento, por outro deixa o novo modelo com “cara de já vi você em algum lugar”. Isso, de certa maneira, compromete a personalidade do carro e pode não agradar clientes que pretendem investir centenas de milhares de reais para ter um modelo exclusivo.
E a concorrência nesse segmento não é fácil. Segundo informações da Jaguar, os principais rivais do F-Pace são o Porsche Macan, que parte de R$ 403 mil na versão 3.0 V6 de 340 cv, e o BMW X4, cuja tabela é de R$ 349.950 para a opção 35iM sport (3.0 V6 de 306 cv).
No mais, o acabamento agrada. Há forração de couro, ajustes elétricos para o volante (que traz borboletas para trocas manuais de marcha) e bancos dianteiros. O traseiro, por sua vez, é dividido em três partes e 10 mm mais alto que os da frente, de modo a proporcionar boa visibilidade aos passageiros. Além disso, seus encostos podem ser reclinados eletricamente.
Atrás, dois viajam bem melhor que três principalmente por causa do console no nível do assoalho, onde ficam as saídas de ar-condicionado, cujo sistema tem quatro zonas de atuação. Para aumentar a sensação de amplitude, há teto de vidro entre os opcionais.
Repleto de soluções de conectividade, o F-Pace tem três tomadas elétricas e quatro entradas USB para recarregar equipamentos eletrônicos. O painel é virtual e configurável e a tela de 12,3 polegadas do sistema de entretenimento é totalmente responsiva e não há botões. O head up display projeta no para-brisa à frente do motorista informações como velocidade atual, limite da via, rota do navegador GPS e marcha engatada.
Dá para ativar as funções do dispositivo navegando pelas telas e ampliar ou reduzir as imagens projetadas com movimentos dos dedos, como em smartphones. Por meio desse sistema é possível configurar também as respostas de motor, câmbio, direção e suspensão individualmente, bastando acessar o modo Dynamic na tela.
O ótimo equipamento de som, da marca Meridian, tem 17 alto-falantes e potência de 825W. Ao ativar o navegador GPS, o usuário tem acesso a uma imagem de 360° do local de destino – antes de sair de casa ou do trabalho dá para enviar ao carro um itinerário previamente escolhido por meio do celular.
O sistema também calcula se há combustível suficiente para chegar ao ponto desejado, de acordo com a rota escolhida e as condições de tráfego. Também pode compartilhar informações sobre o trajeto e enviar mensagens de texto para contatos preestabelecidos avisando sobre a previsão de tempo para a chegada. Há uma função que “aprende” quais são as rotas utilizadas com frequência pelo motorista e sugere opções mais rápidas ou livres.
Por meio de serviço 3G, a central multimídia se transforma em uma espécie de roteador móvel no qual podem ser conectados até oito dispositivos, como celulares, tablets e notebooks, ao mesmo tempo As conexões podem ser feitas por wi fi e entradas HDMI, MHL e USB3.
Também é possível checar informações do carro, como nível de combustível no tanque e plano de manutenção por meio do smartphone ou smartwatch. O relógio inteligente, aliás, pode ser usado para destravar as portas do carro.
E por falar em gadgets portáteis, há uma interessante pulseira a prova d’água (até 20 metros), que faz as vezes de chave e utiliza radiofrequência (RFID). Basta encostá-la no “J” da Jaguar na tampa do porta-malas para liberar as portas.
Se o motorista for correr, à praia ou piscina, por exemplo, não precisa levar a chave, que pode ser deixada no interior do F-Pace e tem bloqueada a função de partida. O motor só poderá ser ligado depois de o sistema ser desativado ao se aproximar a pulseira da tampa traseira novamente.
Rodando
Em movimento o F-Pace é tão bom quanto suas soluções de conectividade. A leveza da carroceria fica evidente quando se pisa forte no pedal do acelerador e um ronco grave surge dos escapamentos.
O V6 de 380 cv é vigoroso nas acelerações e retomadas e extremamente elástico. A 100 km/h o motor gira suave e praticamente não se ouve seu funcionamento na cabine. No modo Confort a direção é um tanto leve.
Com todas as funções do modo Dynamic ativadas, por sua vez, o carro fica para lá de arisco. Suspensão e tração são adaptativas e adequam as respostas de acordo com as condições de rodagem e do piso. O dispositivo utiliza dados coletados por 18 sistemas diferentes e faz cerca de 500 cálculos por segundo para ajustar as respostas às circunstâncias de condução.
Colabora com isso o controle de velocidade de cruzeiro em situações críticas, que permite manter o ritmo constante em aclives e declives seja qual for o tipo e grau de aderência do pavimento.
Graças à ótima calibragem da suspensão, as imperfeições das vias são muito bem filtradas e não chegam a incomodar os ocupantes. Isso é notável em um carro com pneus finíssimos e rodas enormes (265/40 R22), de série na versão de topo – é a primeira vez que um Jaguar utiliza rodas de 22 polegadas.
A tração 4×4 por demanda, de série na versão avaliada, permite distribuir o torque igualmente entre os eixos e enviar até 90% da força para a dianteira e vice-versa. Esse sistema é uma evolução do oferecido no F-Type.
A versão turbodiesel estreará no Brasil a família de motores Ingenium, notável pela eficiência aliada ao baixo consumo e emissões de poluentes.
VIAGEM FEITA A CONVITE DA JAGUAR
PRÓ
Eletrônica a bordo
Sistema de conectividade inclui ótimas soluções, como conexão com smarthwatches e pulseira que permite bloquear portas e partida do motor.
CONTRA
‘Já o vi’
Compartilhamento de peças com outros Jaguar e Land Rover otimiza custos, mas compromete exclusividade de um modelo dessa faixa de preço.
FICHA TÉCNICA
Preço estimado: R$ 300 mil
Motor: 3.0, V6, 24V, gasolina
Potência (cv): 380 a 6.500 rpm
Torque (mkgf): 45 a 4.500 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas
Aceleração de 0 a 100 km/h: 5,5 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h
Comprimento: 4,73 metros
Largura: 1,94 metrio
Entre-eixos: 2,87 metros
Porta-malas: 650 litros
Tanque de combustível: 63 litros
País de origem: Inglaterra