Os compradores de sedãs médios parecem se mover por inércia no Brasil em direção às concessionárias Toyota, em busca do líder de vendas Corolla. Mas a nova geração do Chevrolet Cruze, que chega às lojas em julho, vai aterrissar da Argentina no País pronta para desafiar essa “lei da física”. O modelo, que evoluiu muito em relação ao passado, chamou o campeão de vendas para a briga e obteve uma vitória ampla, sendo superior em vários critérios, com destaque para o desempenho.
O novo Cruze tem preço inicial de R$ 89.990, um pouco menor que o do Corolla, que custa a partir de R$ 91.680. A diferença é que o Chevrolet traz motor 1.4 e o Toyota ostenta um 2.0.
Porém, o que pode parecer uma vantagem que justifica o preço não se confirma na prática. Mesmo sendo menor, o propulsor do Cruze tem a força da turboalimentação, que dá ao carro uma performance melhor.
No carro argentino, são 153 cv e 24,5 mkgf com etanol, ante até 154 cv e 20,3 mkgf do Corolla. Além de bem mais alto, o torque do motor do Chevrolet chega ao seu ponto máximo aos 2 mil giros, enquanto o do seu rival só atinge o mesmo pico às 4.800 rpm. Com isso, a força de arrancada do Cruze é muito maior que a do Corolla, o que facilita ultrapassagens e saídas em semáforos.
Além disso, o Chevrolet traz um câmbio automático convencional, de seis marchas, enquanto o Toyota vem com um CVT que simula sete marchas. Totalmente voltada para o conforto, a transmissão do Corolla é até bem eficiente, mas, comparada à do Cruze, fica para trás quando o assunto é desempenho.
O argentino consegue subir e descer as marchas com mais retidão, quando o Corolla ainda está movimentando suas roldanas continuamente variáveis e “pensando” o que fazer.
Ainda no quesito dinâmico, um ligeiro empate. Embora a suspensão do Cruze tenha melhorado muito no sentido da esportividade, com conjunto suspensivo de McPherson e eixo de torção na traseira muito bem azeitado, o mesmo sistema do Corolla não fica nada para trás. Ambos são ótimos para a estabilidade e para aguentar os buracos das cidades brasileiras com o máximo de conforto.
Com exceção dos utilitários-esportivos, poucos carros do mercado são tão capazes de gerar um rodar macio quanto o Corolla e, agora, o Cruze. Porém, o Toyota não tem controle de estabilidade, disponível no rival. Em uma situação de risco, com piso molhado, por exemplo, esse item faz toda a diferença para evitar acidentes.
Mas é por dentro que o Corolla leva mais desvantagem. Com um interior de qualidade, mas muito ultrapassado visualmente, o Toyota pena diante de um Cruze totalmente renovado, mais moderno e igualmente virtuoso em materiais e acabamento. Um símbolo desse atraso da cabine do brasileiro é um relógio digital no painel, do lado do passageiro, muito usado em carros de luxo dos anos 90.
Na lista de equipamentos, as versões de entrada não têm muita diferença. As principais vantagens do modelo renovado estão na de topo, a R$ 107.450, ante os R$ 104.900 do Corolla. A diferença se justifica: só o Cruze traz alertas de colisão frontal e de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro, farol alto adaptativo, Apple Car Play e Android Auto e o sistema de concierge OnStar.
CHEVROLET CRUZE
Prós: Desempenho.Motor 1.4 turbo do sedã gera uma boa aceleração desde os giros mais baixos, ajudado pelo câmbio automático de seis marchas.
Contras: Preço.Embora tenha ficado bem melhor, Cruze teve alta muito grande na tabela ante o modelo anterior.
TOYOTA COROLLA
Prós: Dirigibilidade.O Corolla é um carro bem gostoso de guiar, oferecendo sempre muito conforto, graças ao
trabalho de sua suspensão.
Contras: Interior.Embora tenha um acabamento de boa qualidade, o interior é muito defasado ante o do rival.