Eles são 1.0, mas, ao pisar no acelerador, a sensação é a de estar em um carro 1.6 – ou mais. Ao dirigir de forma suave, dá até para pensar que o marcador de combustível emperrou (especialmente se o tanque estiver com gasolina). Volkswagen Up! TSI e Hyundai HB20 1.0 Turbo mostram que desempenho e economia podem viver em harmonia. Enquanto o Fiesta 1.0 Ecoboost não vem (o que deve ocorrer no fim deste mês), eles são os únicos representantes de uma nova tendência, a dos motores 1.0 de três cilindros turbo.
O HB20 tem preço sugerido de R$ 51.595 na versão Comfort Style, enquanto o Red Up! custa R$ 53.190. O Hyundai, além de mais barato, sai na frente quando o assunto é espaço no banco traseiro e no porta-malas, resultado dos 32 cm a mais no comprimento (3,92 metros). Porém, se essas partes do carro não forem utilizadas frequentemente, vá de Up!, o vencedor desse comparativo. Em mecânica e desempenho, ele é o melhor.
Quando se pisa no acelerador, o lado “não-1.0” dos dois manifesta-se com respostas vigorosas. Eles têm a mesma potência com etanol (105 cv), mas, conforme dados das próprias montadoras, o Up! é bem mais rápido na hora de acelerar. Ele vai de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, ante os 11,2 segundos do HB20.
O peso menor (951 kg, ante 1.068 kg do Hyundai) favorece o modelo da Volkswagen. Ambos demonstram leve “anemia” abaixo de 2.000 rpm, mas acima disso o giro sobe com facilidade. O Up! tem câmbio mais preciso, de engates melhores, porém, o Hyundai contra-ataca com uma marcha a mais (são seis).
A cabine do Up! filtra melhor o funcionamento do propulsor. Quanto ao consumo, de acordo com dados oficiais, o Up! faz média rodoviária de 16,1 km/l, contra 14,3 km/l do HB20 (gasolina). Isso é resultado da injeção direta, presente somente no VW, Esse sistema, mais preciso que o indireto, resulta em maior economia. Além disso, por causa da pressão superior de trabalho, a injeção direta dispensa partida auxiliar (o HB20 ainda tem tanquinho de gasolina).
A direção elétrica do Up! é mais precisa que a assistência hidráulica do Hyundai. Também são superiores no VW o peso e a sensibilidade dos pedais, especialmente do freio.
Up! é melhor para dirigir e HB20, mais espaçoso. No Up!, é mais fácil encontrar a posição ideal ao volante. O banco tem ajuste de altura por alavanca (comando giratório no HB20) e deixa o condutor mais alto. Além disso, nessas versões de topo, o modelo da Volkswagen traz volante de couro, material mais agradável ao tato do que o plástico do concorrente.
O Hyundai tem visual mais agressivo tanto externa quanto internamente. Já o Up! caracteriza-se pelas linhas exteriores limpas e pela cabine despojada: o painel na cor da carroceria faz uma sutil homenagem ao Fusca original, no qual a peça era de lata.
O subcompacto da VW tem limpadores de para-brisa mais modernos (“aerowischer”) e só ele traz três apoios de cabeça no banco de trás. Além disso, a Hyundai não oferece central multimídia no HB20 Turbo, enquanto o Up! pode trazer opcionalmente um dispositivo destacável com navegador GPS, e que também exibe gráficos de consumo e reproduz conta-giros, entre outras funções.
Opinião: Turbo traz novos ventos sob o capô. Graças ao programa Inovar-Auto, que cobra eficiência energética em troca de redução fiscal, alguma coisa já mudou sob o capô dos carros, e muito ainda vai mudar.
Primeiro vieram os motores 1.0 de três cilindros, com inúmeras vantagens sobre os antigos propulsores de quatro cilindros. Agora, estamos passando para a fase dos três e dos quatro cilindros turbo.
Estão nesse grupo modelos pequenos como o Up! e o HB20, e médios como os novos Cruze (1.4) e Civic (1.5), que vêm aí. Em comum, todos garantem desempenho de motores de maior cilindrada, mas gastando menos combustível. O turbo, que antes elevava desempenho mas também o consumo, volta para que gastemos menos ao abastecer. São os novos ventos.