José Roberto Vaz não costuma desperdiçar boas oportunidades. Ao menos quando se trata do Maverick, seu carro preferido: quando encontra um exemplar interessante, ele não o deixa escapar. Tanto que, de 2008 para cá, o empresário amealhou uma coleção com 35 unidades do Ford – 28 foram restauradas.
“Se não estou preparado para fechar negócio, dou um jeito. Vendo algum outro modelo, mas não sacrifico o acervo de Mavericks por nada.” Ele conta que, para viabilizar uma compra, se desfez de um Mercedes-Benz 1963 que havia estrelado um calendário da marca na Alemanha, por exemplo.
Tanta paixão acabou fazendo com que ele fosse parar em um clube dedicado ao Ford. Foi nas reuniões do grupo que Vaz conheceu o também empresário José Ricardo Queiroz, outro fã inveterado do Maverick, que possui quatro exemplares prontos e está restaurando mais um.
Queiroz é dono do sedã branco feito em 1974 que aparece nas fotos acima. A perua vermelha, de 1976, e o cupê verde de 1973, feito nos Estados Unidos, fazem parte da coleção de Vaz.
Os dois cultivam o gosto por carros antigos por influência paterna. Quando Queiroz tinha apenas 3 anos de idade, seu pai comprou o primeiro Maverick.
Ele cresceu “mexendo” no Ford e se formou no curso de engenharia mecânica. “Até hoje eu mesmo desmonto meus carros. Trabalho com automação industrial e a curiosidade de saber como as coisas funcionam veio do Maverick”, diz.
Segunda aquisição do empresário, o sedã branco foi comprado em Curitiba em 2009 e já rodou 20 mil km desde a restauração, que o deixou impecável. “É meu favorito para viajar, por ser o mais espaçoso, e ganhou três prêmios em eventos. Eu e minha esposa começamos a namorar dentro desse carro.”
O cupê verde de Vaz desembarcou no Brasil em perfeito estado, pelas mãos de um importador independente, em 2013. Já com a perua, ele não teve a mesma sorte. “Ela parecia maravilhosa nas fotos do anúncio. Viajei até Bauru (interior de São Paulo) achando que voltaria guiando o carro, mas tive de refazê-lo inteiro. Só comprei porque queria muito uma perua.”
Segundo ele, a restauração levou dois anos para ser feita e custou mais que o previsto, mas valeu a pena. “Rodei 900 km com ela até Bento Gonçalves (RS), na maior tranquilidade, e ela ainda foi premiada. É uma satisfação enorme, não há preço que pague”, orgulha-se.
Pegar estrada com um Maverick, aliás, é um dos prazeres de Vaz. “Ele desenvolve velocidade como um carro moderno e vou pela faixa da esquerda. E é muito confortável: entrego o volante à minha esposa e durmo.”
Vaz e Queiroz tiram de letra as eventuais limitações impostas pela mecânica antiga. “O bacana é você fazer funcionar como novo um carro com mecânica de outra época. Apesar de antigo, o Maverick é muito confiável”, garante Queiroz.
Nas duas coleções, ainda há espaço para mais exemplares. Queiroz quer um Maverick GT na cor prata e Vaz sonha com um Grabber, versão esportiva norte-americana. E quem tentar demovê-los da ideia de aumentar os respectivos acervos estará perdendo tempo.
“O Maverick é perfeito, um antigo feito para os dias de hoje. Outros clássicos não têm a mesma expressividade. Não vejo defeitos nele”, derrete-se Vaz.