As vendas de carros esportivos estão sofrendo uma espécie de baque geracional nos Estados Unidos. Esses modelos vinham sendo adquiridos principalmente pela geração baby boomer, nascida entre 1946 e 1964. Mas esses consumidores estão envelhecendo e migrando para outros modelos – e não estão sendo substituídos por clientes mais novos.
De acordo com a empresa de consultoria Carlab, que percebeu essa tendência, os esportivos ainda despertam interesse. Mas os seus antigos fregueses começam a atravessar a chamada crise da meia-idade e, nessa nova fase, o conforto passa a ser mais importante que o desempenho. Além disso, para essas pessoas os anos de investir mais dinheiro em um carro já terminaram.
Ao mesmo tempo, há uma dificuldade de repor essas vendas com consumidores das gerações seguintes. A geração X, que hoje tem entre 35 e 50 anos (idade em que costumam ocorrer as compras desses modelos mais caros), é menos numerosa do que foram os baby boomers. E a geração Y (também chamada de millenials, nascida entre 1978 e 1990) ainda não tem poder aquisitivo suficiente para bancar um esportivo.
Por isso, a tendência de encolhimento do segmento é inevitável. Entre os consumidores do Mustang, a fatia correspondente aos chamados baby boomers caiu de 50% em 2013 para 40% em 2016. A Ford espera vender cerca de 100 mil unidades do modelo neste ano – mas 25% deles devem ir para locadoras ou frotas corporativas.
Há ainda um último fator comportamental com peso importante nessa tendência. Muitos consumidores já não acham que um cupê esportivo seja mais bacana que um sedã ou um utilitário-esportivo. E marcas de luxo como Audi, Mercedes-Benz e Porsche têm ampliado sua oferta de jipinhos com pegada mais apimentada, que oferecem o melhor dos dois mundos: a praticidade do utilitário e a condução divertida do esportivo. Prova disso é que as vendas do Porsche Macan subiram 30% neste ano, fazendo dele o produto líder da marca alemã.