Depois de quatro anos de procura, foi nas páginas do Estadão que, em 2004, o administrador de empresas Maurício Welsh finalmente encontrou o Volkswagen Passat que tanto buscava. Ele ligou para o telefone publicado na seção de classificados até conseguir falar com o proprietário e, no mesmo dia, foi ver o carro e fechou negócio.
“Dei muita sorte. O exemplar, de 1988, tinha 51 mil km rodados e estava completamente íntegro, com direito a nota fiscal e manual do proprietário”, lembra Welsh. “No dia seguinte, surgiram vários outros interessados em comprá-lo, mas o carro já era meu.”
Fã da Volkswagen por influência do pai, que trabalhou por muitos anos como engenheiro de produto na montadora, Welsh fazia questão que o Passat adquirido fosse da versão esportiva – o que tornou a busca ainda mais complicada.
“O Passat GTS Pointer foi muito maltratado pelos jovens da época, que gostavam de tirar ‘rachas’ com ele. Por isso, é difícil encontrar um exemplar em bom estado”, diz o administrador, que nutre um carinho especial pelos esportivos dos anos 80 e 90. “Eu sonhava com esses carros na juventude, mas não tinha condições de comprá-los.”
Em 12 anos, Welsh rodou apenas 3 mil km com o hatch e, em todo esse período, teve apenas de trocar os filtros e o óleo do motor. “Nem a embreagem foi refeita. A mecânica é simples e não dá problema. Aliás, o AP-800 foi o melhor motor que a Volks ofereceu no Brasil até lançar o Gol GTi”, afirma.
Predicados. Como não poderia deixar de ser, o dono é só elogios para o Passat. “É um carro muito gostoso, não deve nada em dirigibilidade aos modelos atuais”, diz. “Ele oferece luxo – foi um dos poucos esportivos de seu tempo a trazer ar-condicionado de série – e chega aos 180 km/h, o que é muito para a época dele.”
Welsh teve a oportunidade de colocar o GTS à prova em dois “track days” no Autódromo de Interlagos, na zona sul da capital paulista. E garante que o carro não precisou de nenhuma alteração mecânica para fazer bonito na pista.
“Ele foi o mais rápido de todos, deixando para trás outros 32 antigos, incluindo Maverick e Opala”, conta. “O Passat é muito estável em curvas e isso acabou me favorecendo, já que o circuito é bastante travado.”
A rotina do VW é bem amena, com percursos leves que não passam de 30 km por semana. As viagens servem para manter a mecânica em atividade.
“É um modelo bastante visado. Quem está restaurando um antigo e precisa de peças paga o preço que for, e isso alimenta a indústria dos furtos”, acredita Welsh, que espera ansiosamente pela chegada de 2018, quando o carro completará 30 anos.
“Assim que o ano começar, meu despachante vai providenciar a placa preta”, diz. A que aparece nas fotos desta reportagem não é oficial.