Neste ano, pela primeira vez o segmento de utilitários-esportivos será o segundo com maior volume de vendas do mercado brasileiro de automóveis. Os emplacamentos de jipes ultrapassaram os de sedãs pequenos na preferência do consumidor e ficaram atrás apenas dos hatches compactos.
No acumulado de janeiro a novembro, a turma liderada por Honda HR-V, Jeep Renegade & cia. somou 271.473 unidades vendidas, ante 256.179 do grupo formado por Chevrolet Prisma e Hyundai HB20S, entre outros. Em termos de participação, os utilitários-esportivos abocanharam 17,9% do mercado total, ante 16,8% dos sedãs pequenos. Como comparação, no mesmo período de 2015 as posições estavam invertidas, com, respectivamente, 14,6% e 17,2%.
Trata-se da consolidação de uma tendência que vem ganhando corpo há algum tempo. Os jipes se transformaram no principal objeto de desejo do brasileiro na hora da compra de um novo veículo.
Os números impressionam. Em 2012, a participação de mercado dos utilitários era de meros 8,9%. Ou seja: em apenas quatro anos, as vendas do segmento mais que dobraram. Em 2015, enquanto os emplacamentos totais de automóveis caíram 24%, os de jipes cresceram 4%. E neste ano, em que o mercado geral deve encolher 21%, a retração do segmento deverá ser de 1%.
Para as montadoras, o cenário é animador. Afinal, a alta nas vendas ocorre em um segmento no qual a faixa de preço de entrada gira em torno dos R$ 70 mil, enquanto na de sedãs pequenos o valor médio das opções mais baratas é de cerca de R$ 50 mil.
Há três razões que ajudam a explicar esse fenômeno. A principal é que o segmento de jipes é o que apresenta o maior número de lançamentos – e está provado que o consumidor brasileiro adora uma novidade.
Como exemplo, HR-V e Renegade são relativamente recentes, mas já ganharam a companhia de produtos ainda mais novos, como Nissan Kicks e Jeep Compass. Os Hyundai Creta e novo Tucson vão engrossar essa lista no ano que vem, juntamente com o Honda WR-V e os Renault Captur e Koleos, entre outros. Enquanto isso, para os sedãs pequenos houve apenas reestilizações de produtos que já estavam à venda, como Prisma e HB20S.
Outro aspecto relevante para o aumento de participação de mercado dos utilitários é o aperto na concessão de crédito para financiamento, que afeta principalmente os compradores de carros mais baratos. Na prática, os clientes de sedãzinhos enfrentam mais dificuldade para conseguir parcelar a compra que os interessados em jipes. Esses, em geral, têm maior poder aquisitivo.
Há ainda questões ligadas às medições estatísticas, que precisam ser atualizadas. As empresas e associações que monitoram o mercado de veículos classificam todos os utilitários-esportivos em uma única categoria, chamada popularmente de SUVs e que inclui desde o compacto Suzuki Jimny até o enorme Range Rover. Enquanto isso, os sedãs são subdivididos em categorias, como pequenos, compactos (Chevrolet Cobalt e Honda City, por exemplo), médios (Toyota Corolla e Honda Civic) e grandes (Hyundai Azera e Volkswagen Passat). Se somarmos todos os tipos de sedãs, seus emplacamentos superam os dos jipes.
Portanto, o correto também seria classificar os utilitários de acordo com seu tamanho. Ainda assim houve uma evolução nos métodos de medição. Basta lembrar que até 2014 os utilitários eram classificados pelo mercado como comerciais leves e não como automóveis.
Mas, independentemente da fórmula utilizada, as vendas de jipes continuarão aquecidas. Esses modelos já estão na lista dos dez mais vendidos e não causará surpresa se em 2017 um deles aparecer, pela primeira vez, entre os cinco mais.
A escalada dos SUVs
Ano Vendas Participação
2012 273.523 8,9%
2013 283.376 9,5%
2014 294.386 10,8%
2015 306.146 14,6%
2016* 271.473 17,9%
*Até novembro
Fonte: Fenabrave