A Chevrolet demorou para dar ao Onix uma versão com apelo visual off-road, a Activ, que chegou somente após a primeira reestilização do hatch, em junho. Agora, essa nova opção do líder de vendas chama para a briga o HB20X. Trata-se da versão aventureira “de butique” do Hyundai que é o segundo colocado no mesmo ranking.
Os modelos escolhidos para esse comparativo foram os equipados com câmbio automático de seis marchas. O resultado aqui repetiu o do ranking de vendas: o Onix Activ derrotou o Hyundai HB20X, ainda que por uma margem bem apertada (confira no quadro abaixo).
O Chevrolet se deu melhor por ter melhor relação entre preço e equipamentos de série. Para receber o mesmo conteúdo do rival, o modelo da Hyundai cobra bem mais.
A R$ 62.590, o Onix Activ automático tem ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico e a boa central multimídia MyLink, com suporte às plataformas Android Auto e CarPlay, da Apple. Além disso, traz o sistema de monitoramento remoto OnStar, que pode ter até serviço de “concierge” disponível para os usuários do modelo.
O HB20X parte de R$ 62.855, mas, para ter uma central multimídia semelhante à do Onix, só a opção Premium, de topo, pode receber opcionalmente esse sistema. Assim, a conta sobe para R$ 67.855. Por esse valor, o Hyundai até tem ar-condicionado digital e sensor crepuscular, mas esses itens não compensam a diferença.
Nem mesmo a potência extra do 1.6 do Hyundai, que rende até 128 cv, ante 106 do 1.4 do Onix, justifica o valor elevado.
O HB20X ainda pode ganhar bancos de couro, não disponíveis no Chevrolet. Com isso, a tabela fica próxima aos R$ 70 mil. Para completar o pacote de altos custos do modelo da Hyundai, o seguro também custa mais que o do Onix (veja quadro abaixo). Já as peças são um pouco mais baratas.
Confortável. O Onix oferece uma cabine visualmente mais bem elaborada, com partes coloridas especiais da versão Activ e bancos com espuma mais macia, o que entrega mais conforto nas cidades. Na estrada, o fato de os da frente serem curtos acaba cansando o motorista.
É sensível o maior silêncio a bordo do Chevrolet, que isola bem a cabine de ruídos externos, como rolagem de pneus, vento e o do trabalho da suspensão. Na cidade, o HB20X não incomoda, mas chega a ser cansativo na estrada o barulho dos pneus. Em nenhum dos dois o motor gera muito ruído, já que ambos trabalham abaixo dos 3 mil giros em velocidades de cruzeiro, na casa dos 110 km/h.
Visual. Pelo menos o HB20X dá um banho no Onix Activ no quesito desenho da carroceria. O Chevrolet é até bem resolvido, mas o para-choque traseiro tem mais materiais e cores diferentes, que tornam o visual dessa parte poluído.
Com lanternas de LEDs atrás, o Hyundai é dono de um visual que parece pertencer a um carro de categoria superior. Além disso, o HB20X traz detalhes que o diferenciam bastante das versões mais simples do modelo. O Onix também tem personalidade própria, mas pede que o motorista se acostume a vê-lo todos os dias, diferentemente do concorrente.
HB20X é mais potente, mas motor do Onix revela valentia
Se os 22 cv a mais do HB20X em relação ao Onix Activ podem não justificar os R$ 5 mil a mais na hora de fechar o negócio, é inegável que mostram sua força na hora de acelerar.
O 1.6 anda forte e o câmbio automático ajuda, com trocas rápidas e nos momentos certos, tanto que o modo manual raramente se faz necessário. É fácil “pedir” uma redução de marcha apenas “beliscando” o acelerador, fazendo o hatch ganhar disposição e mostrar a que veio.
A direção tem relação bem direta com as rodas e dá agilidade ao modelo, além de também permitir que o motorista coloque as rodas dianteiras exatamente onde deseja. Isso torna o HB20X muito bom de curvas, principalmente nas de alta velocidade, nas quais a suspensão firme (que tira pontos do conforto), dá mais segurança.
O Onix tem acerto bem mais macio, lidando melhor com pisos mal cuidados. Mas mesmo sendo menos potente e afiado que o HB20X, ele mostra muita competência ao rodar.
O 1.4 de 106 cv esbanja valentia, com força em giros mais baixos e vibrações contidas mesmo com a subida das rotações ao longo da escala do conta-giros. A transmissão automática também tem as primeiras marchas bem curtas, o que ajuda em arrancadas e faz o Onix disfarçar bem a potência inferior à do concorrente.
Tanto que o conjunto do Chevrolet acaba sendo mais agradável de guiar, com comandos de acionamento mais suave, mesmo que o desempenho seja um pouco mais limitado.
OPINIÃO: Modelos que têm função estética na paisagem urbana
As versões com apelo visual aventureiro não foram feitas para enfrentar desafios mais duros que o das opções convencionais. A principal proposta desses modelos é mesmo estética. Trata-se de uma forma de fugir do lugar-comum. O Hyundai é notadamente mais bonito, ainda que o Onix não vá assustar nenhuma criancinha pelas ruas. O problema do HB20X é repetir o erro das demais versões, que é reservar às opções de topo itens que já são básicos para quem vai pagar mais de R$ 60 mil por um carro, como uma central multimídia, e cobrando bem caro por isso.
CHEVROLET ONIX ACTIV
PRÓS: EQUIPAMENTOS. Versão é recheada de itens importantes, como central multimídia, câmera de ré, controle de cruzeiro e até sistema de ‘concierge’.
CONTRAS: POSIÇÃO DE DIRIGIR. Bancos são macios, mas assento é curto e força motorista a guiar em posição cansativa em viagens.
HYUNDAI HB20X
PRÓS: DESEMPENHO. Motor 1.6 de 128 cv faz bom casamento com transmissão automática e dá ao HB20X ótimo comportamento em cidade e estrada.
CONTRAS: PREÇO. Versão equipada em equivalência com o Onix Activ beira os R$ 68 mil, elevados para a categoria.