Conhecidas por seus históricos esportivos, Jaguar e Porsche agora brigam em um segmento bem diferente. Fenômenos mundiais, os utilitários de luxo estão entrando na gama de quase todas as marcas premium, o que fez a inglesa lançar o F-Pace, que chama para briga o Macan, menor “jipe” da Porsche.
Aqui, o Jaguar comparece em sua versão de topo, S, equipada com um V6 de 380 cv. O Macan S, intermediário na linha, é um pouco menos potente, com seus 340 cv extraídos também de um V6 turbinado. Apesar do conjunto mecânico mais bem acertado, os custos de manutenção e seguro elevadíssimos do Porsche fizeram a balança pender para o lado do F-Pace, que além de ser mais barato, também apresenta um conjunto extremamente competente.
Por R$ 406.300, o F-Pace é mais espaçoso e bem acabado, ainda que o Macan fique muito próximo nos dois quesitos. Se a diferença de valores para o alemão, que custa R$ 427 mil, fosse restrita à tabela, o Porsche poderia até ter levado o comparativo, já que seu jipinho tem melhor desempenho e é mais confortável que o britânico.
Por esses preços, é claro que ambos são bem luxuosos. Nesse quesito, o Jaguar também mostra superioridade. Os materiais utilizados no F-Pace são de ótima qualidade e a cabine entrega sensação de requinte digna de carros ainda mais caros.
Tecnologia. O F-Pace sobressai com a enorme tela sensível ao toque de 10,2” do sistema InControl Touch Pro, que é fácil de usar e tem gráficos de ótima qualidade, algo particularmente notável quando se aciona o navegador GPS, com direito a mapas em 3D e disco rígido de 60 GB para armazenamento de músicas e imagens.
O Macan também é bem fornido de funções, ainda que seu sistema multimídia tenha tela menor que a do rival. O dispositivo é até simples de usar (menos o complicado GPS), mas a lentidão nas respostas aos toques na tela deixa o Porsche em ligeira desvantagem.
Ao menos, o Porsche tem um útil controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, estranhamente não disponível nos F-Pace vendidos no Brasil.
Espaço. Apesar de parecer muito maior que o Macan, o F-Pace é apenas 3 cm mais comprido. Mesmo com 7 cm a mais na distância entre os eixos, o Jaguar só mostra mais espaço para quem viaja atrás por causa da altura da carroceria, 4 cm maior, e pelo caimento menos acentuado da traseira, que libera espaço para as cabeças.
Emocionantes. Quando se dá a partida no motor do Jaguar, o primeiro sentido despertado é o da audição, graças ao intoxicante ronco agudo do V6 funcionando sob o capô. A sinfonia vinda do escapamento, literalmente, dá o tom da vida a bordo do F-Pace S, que envolve o motorista em uma aura de esportividade rara, digna de modelos de alta estirpe.
Isso faz com que se busque o tempo todo espaço para uma acelerada mais decidida. Se em giros baixos o ronco já é instigante, ao ultrapassar as 3.500 rpm o V6 “limpa a garganta” e é capaz de fazer torcer pescoços por onde passa.
Os 380 cv se fazem presentes e o F-Pace anda muito bem, ainda que chame atenção pela suavidade das respostas. O bom desempenho é perceptível, mas a entrega de potência gradual, sem solavancos, convida o motorista a explorar a escala do conta-giros por completo. O câmbio automático de oito marchas faz seu trabalho praticamente sem ser percebido e ajuda o V6 a mostrar sua força.
O senão do F-Pace é a suspensão excessivamente rígida que, aliada às rodas grandes, de 20”, torna o rodar firme demais, em contraste à atmosfera requintada criada pelo acabamento e as respostas do trem de força.
É justamente aí que o Macan, com seus 340 cv, abre distância na hora em que o motorista assume o volante. O câmbio de dupla embreagem e sete marchas dá ao Porsche uma personalidade bem diferente do F-Pace. Com respostas quase elétricas, o alemão dispara à frente, é mais rápido no 0 a 100 km/h e mostra ter conjunto bem mais afiado que o rival inglês.
A força do 3.0 turbo entregue de forma imediata e a direção direta tornam as respostas comparáveis às de hatches anabolizados, como o VW Golf GTI.
Além disso, a suspensão a ar, mais sofisticada, pode ser regulada em vários. O sistema consegue ser macio o suficiente para lidar com pisos ruins, mantendo o conforto a bordo, e ainda segura com excelência o Macan quando a ideia é acelerar forte, algo que o Porsche praticamente “pede” ao motorista.