Carro esportivo mais emplacado nos Estados Unidos por 52 anos, três mil aparições em filmes e séries de TV, 9,8 milhões de unidades vendidas no mundo… Esses números provam que o Ford Mustang é um fenômeno de popularidade global. Até o fim do ano, esse ícone desembarcará no Brasil (na versão GT), pela primeira vez importado por sua fabricante. Não podia ser em melhor hora, pois ele nunca esteve tão tecnológico e moderno.
Se o desenho não é o de “muscle car” da década de 60, o carro tem como mérito abandonar o tom generalista da linha anterior. O Mustang que virá ao País está sendo apresentado hoje nos EUA e mudou pouco por fora. Mas essas alterações, cirúrgicas, lhe devolveram a personalidade. A inspiração veio da versão GT350, a mais atrevida do modelo da Ford.
A dianteira ficou mais baixa e o capô, mais inclinado. Os faróis, de LEDs (assim como as lanternas) foram alongados e o spoiler tem visual agressivo.
Atrás, o para-choque está maior e as lanternas ganharam inclinação voltada para a tampa do porta-malas. Há 12 novos tipos de rodas, que vão desde aos “panelões” cromados a finos aros pretos e foscos.
Foi dentro que o Mustang mais evoluiu. Por ter sido transformado em carro global, o Ford precisou ganhar ares europeus, o que significa um interior mais sóbrio e sofisticado, mas não menos esportivo.
Um novo sistema multimídia Sync 3 foi incluído na tela de 12 polegadas. As várias opções de personalização de acabamento vão do aço escovado a fibra de carbono.
Sob o capô, serão mantidos os motores 2.3 EcoBoost de quatro cilindros e 5.0 V8 da versão GT das fotos. As novidades dinâmicas são os amortecedores magnéticos, que melhoram as respostas em curvas, e o câmbio automático de dez marchas.
História. O Mustang surgiu em 17 de abril de 1964, após ser mostrado como um conceito anos antes e chamar a atenção da indústria automobilística. Com a sua chegada veio a criação do termo “pony car”, alusivo aos modelos musculosos e com a traseira curta.
Sucesso imediato após a estreia, na Feira Mundial de Nova York (EUA), o Mustang seguiu a rota de sucesso vislumbrada por Lee Iacocca, seu idealizador. A grande estratégia da Ford com o carro foi apostar no desenho arrebatador em um carro de construção simples, que tornava seu preço, custo e facilidade de manutenção imbatíveis. Mal comparando, foi o mesmo acerto feito pela Ford com o primeiro EcoSport.
A partir de 1969, o visual do Mustang já não impactava tanto. Por isso, a Ford começou a criar versões especiais, tática mantida até hoje.
Em 1970, Iacocca se tornou presidente da Ford e ordenou a criação de uma nova geração do carro, menor e mais eficiente. Visionário ou bom apostador, o executivo se antecipou à crise do petróleo de 1973 e deixou o Mustang capaz de competir com rivais esportivos (e baratos) vindos dos Japão.
O mundo continuou girando e, em 1979, a Ford achou que era hora de inovar. Assim, deu duas caras diferentes para a terceira geração do Mustang, uma de 1985 a 1986 e outra de 1987 a 1993. A primeira, inclusive, era bem parecida com a do rival Camaro da época, em uma clara tentativa de agradar todos os gostos e não deixar nada para o Chevrolet. Mas a ideia acabou não dando certo.
Por falar em aposta errada, a quarta geração merece um capítulo à parte. Primeira grande reestilização feita desde o lançamento, o projeto de Patrick Schiavone desfigurou a aura do Mustang e o deixou parecido com seus competidores japoneses, como o Toyota Celica.
O mercado achou que essa versão não duraria, mas ela ficou nas lojas por dez anos. Então, finalmente, a redenção do Mustang dos tempos modernos veio na geração de 2005, mostrada no Salão de Detroit (EUA). O novo Ford era uma versão retrô do original e lançou a linha mestra adotada até hoje no visual do carro.
Liderado por Hau Thai-Tang, o projeto da quinta geração resgatou o DNA de “fastback”, com motores fortes gerenciados pela ótima transmissão Tremec de cinco marchas. Essa geração durou até 2014, quando a atual, mais generalista, chegou com parte de uma nova estratégia global. Resta saber que tipo de história essa nova versão vai escrever, particularmente no Brasil.