Ao ouvir os sons de sua perua Dodge Kingsway Suburban, o engenheiro de software Hermenegildo “Gildo” Antunes, de 58 anos, viaja de volta à infância. “Fecho o porta-luvas e lembro dos passeios com minha família para Santos”, conta.
Gildo tinha quatro anos quando seu pai chegou em casa com uma Kingsway verde-escura. “Havíamos acabado de mudar para Guarulhos e ele queria um carro maior, no qual coubessem os quatro filhos.” Comprada da Embaixada do Canadá, a perua ficou com os Antunes por quase dez anos, até ser trocada por um Volkswagen Fusca.
Em 2006 o engenheiro decidiu homenagear sua família e saiu em busca de uma perua igual ao modelo de sua infância. “Encontrei uma em Porto Alegre. Esse carro foi bem vendido no Rio Grande do Sul”, explica.
Antunes pagou R$ 13 mil pela Kingsway ano 1951. “Estava com os frisos e, principalmente, com o símbolo da marca no capô bem conservados.”
O motor, um seis-cilindros em linha de 3,6 litros, 98 cv e comando de válvulas no bloco, recebeu novas juntas, cabos de velas e tubulações. “Os cilindros estavam em bom estado, não precisaram de retífica.” Ele diz que a suspensão também estava boa.
Concluída a parte mecânica, a carroceria foi separada do chassi para instalação de novas buchas e suportes. “Algumas peças eu trouxe dos EUA, outras comprei pela internet.”
Essa foi a primeira etapa da restauração. A próxima inclui retoques e ajustes para tirar rangidos. “Vou refazer a tapeçaria.”
O engenheiro usa a perua apenas para passeios nos fins de semana. “Meu irmão mais velho adora. Todos aprendemos a dirigir nela, mas ele era o ‘piloto-mor’ em casa”, relembra Antunes, que leva sempre uma garrafa de água para o radiador. “É como naquelas viagens a Santos, quando na volta meu pai às vezes parava para repor a água.”
Dono de outros antigos, ele diz que não é um colecionador, mas entusiasta. “Tenho apenas carros dos quais gosto muito.” Antunes garante que a Kingsway foi sua última aquisição.