LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
O Fiat Linea trocou o motor 1.9 16V pelo novo 1.8 16V E.torQ. E apesar de a potência de 132 cv não ter mudado, o carro melhorou bastante. Assim, passa a trazer mais credenciais para melhorar seu desempenho no ranking de vendas. Sexto colocado atualmente, ele tem como um dos alvos o Kia Cerato, que está em quarto e com o qual o comparamos. Neste ano, foram emplacadas 9.712 unidades do sedã nacional, ante 11.858 do sul-coreano. Os dados são da Fenabrave, que reúne as associações de concessionárias.
O modelo feito em Betim (MG) participa deste comparativo em sua versão HLX Dualogic (R$ 61.140). Já o três-volumes produzido em Hwasung, na Coreia do Sul, comparece em sua opção com câmbio automático e motor 1.6 16V a gasolina de 126 cv, tabelada a R$ 61.900.
https://www.flickr.com/photos/jt-sp/sets/…
O JC já havia comparado os dois carros em setembro de 2009, quando o Linea tinha motor 1.9. Apesar da melhoria com o E.torQ, da Fiat Powertrain Technologies (FPT), o mineiro voltou a ser superado pelo sul-coreano. O Kia é mais equipado, confortável e agradável de dirigir.
Esse prazer ao volante está mais relacionado ao bom acerto da suspensão, à posição de guiar e à visibilidade do que ao desempenho. Falta vigor ao motor 1.6 e o câmbio não ajuda. Automático de quatro velocidades com opção de mudanças sequenciais, ele não acerta a marcha adequada em subidas e, em acelerações, não aproveita todo o potencial do propulsor.
O Cerato compensa essas deficiências com boa estabilidade e comportamento adequado em curvas, inclinando pouco a carroceria. O Linea inclina mais e tem maior tendência a sair de frente.
A vantagem do Fiat surge em acelerações e ultrapassagens, quanto exibe a vitalidade do motor E.torQ. Seus 132 cv se mostram sempre bem dispostos e o propulsor tem funcionamento suave e macio – bem diferente do antigo 1.9 16V.
Apontado anteriormente como ponto falho do Fiat, o câmbio automatizado de cinco marchas recebeu melhorias. Diminuíram os “soluços” nas trocas, graças aos ajustes no programa que gerencia as mudanças. Apesar dessas novidades, a caixa continua inimiga da ansiedade: deve-se ter paciência com ela. A melhor forma de usá-la é fazendo as passagens manualmente, por meio da alavanca, respeitando o tempo das mudanças.
A posição de dirigir é melhor no Cerato, mesmo sem regulagem de distância para o volante e oferecendo o ajuste ruim do encosto por alavanca (no Linea ela é milimétrica e mais precisa).
A suspensão do Fiat é mais sensível que a do Kia e transmite mais ao volante as irregularidades do piso. E a razão não está nos pneus: os dois sedãs usam componentes de medidas idênticas: 205/55 R16.
O Cerato automático tem tabela pouco acima da do Linea. Mas há um detalhe importante: no Kia o ar-condicionado digital é de série. Esse item é opcional para o Fiat, em pacote (a R$ 2 mil) que inclui sensor de obstáculos, pneus e rodas 205/55 R16.
O sedã sul-coreano também tem mais porta-objetos e acesso mais fácil aos recursos multimídia. Opcional no Fiat, o sistema Blue & Me, com Bluetooth e conexão para tocador de MP3, sai por R$ 873.
No quesito vida a bordo, o Cerato surpreende. Além disso é mais silencioso e amplo – atrás, pode levar com conforto dois adultos e uma criança, por exemplo. Por não dispor do mesmo espaço para os ocupantes, o Linea deixa claro que deriva de um compacto (Punto). Embora o porta-malas do Fiat tenha maior volume (500 litros ante 415 litros do rival), é pior de usar em relação ao do Kia, pois as caixas de roda roubam muito espaço do compartimento.
A manutenção do Linea é mais em conta. No pacote de peças, a diferença no total chega a quase R$ 500. Nas cotações de seguro há equilíbrio de valores.