Foto: Michel Escanhola/AE
Da Chery, a partir da esquerda, Tiggo, Cielo, QQ (o único que ainda não chegou) e Face
Os carros chineses já respondem por mais de 10% das importações feitas por empresas independentes (sem fábricas no País), participação que há um ano estava bem abaixo de 1%. Nos sete primeiros meses do ano, foram vendidos no Brasil 5.800 automóveis feitos na China.
O número ainda é insignificante diante de um mercado de 1,88 milhão de veículos, mas ganha relevância pela velocidade com que cresce: quase 400% na comparação com o mesmo período de 2009. De janeiro a julho do ano passado foram vendidos apenas 1.160 carros no País. Em todo o ano, foram 2.430 unidades, segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva).
Atualmente, cinco marcas atuam como importadoras – Chana, Chery, Effa, Haffei e Jinbei -, com carros cujos preços vão de R$ 21,4 mil a R$ 58 mil. O Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, marcará a chegada de mais duas: Jac e Lifan.
De olho no mercado brasileiro, um dos poucos que cresce no mundo, além da própria China, as marcas asiáticas começam a fincar raízes no País. A primeira fábrica de carros chineses deverá ser inaugurada em 2013 para a produção de um modelo compacto que vai disputar mercado com os campeões de venda como Volkswagen Gol e Fiat Palio.
“O movimento não é isolado e outras montadoras deverão instalar fábricas no Brasil”, prevê o sócio-diretor da Vallua Consultoria e Gestão, Lucas Copelli. Ele diz que o produto chinês não deixará de ser competitivo ao ser fabricado aqui. Segundo ele, a importação também é onerosa. O Imposto de Importação é de 35%, além dos demais tributos que incidem em cascata sobre o preço bruto e gastos com frete e nacionalização.
Daqui a três anos, a Chery promete iniciar a produção de veículos em Jacareí, interior de São Paulo. O projeto, orçado em US$ 700 milhões, deve abrir caminho para outras chinesas espalharem suas filiais pelo País. Já manifestaram interesse a BYD, Lifan, Chana, Hafei e JAC (caminhões pesados).
A Chery prevê produzir de 150 mil a 170 mil automóveis por ano. A operação começará com a importação de kits (CKDs) para montagem e a nacionalização de peças será gradual. Um grupo de fornecedores de componentes da China também negocia a entrada no mercado não só para abastecer a Chery, mas outras montadoras instaladas no País.
Foto: Sérgio Castro/AESedã Jac será apresentado no Salão do Automóvel e chega no início de 2011
Na opinião de Copelli, os veículos chineses tendem a conquistar o consumidor brasileiro aos poucos, a exemplo do que ocorreu com os sul-coreanos. “As montadoras chinesas estão melhorando a qualidade e a tecnologia dos seus produtos”, diz.
Atualmente, entre as 30 maiores montadoras do mundo, dez são chinesas. Há uma década, apenas três marcas do país apareciam nesse ranking, segundo a Organização Internacional dos Construtores de Carros (Oica). No mesmo período, a produção de veículos chineses saltou de 2 milhões para 13,7 milhões, um impressionante crescimento de 580%.
Nas projeções de Sérgio Habib, presidente da importadora SHC que trará ao País os modelos da Jac, em cinco anos os brasileiros deverão comprar cerca de 200 mil carros chineses, o equivalente a 5% do mercado total previsto para aquele ano, de 4 milhões de unidades.
Liderança
A China tornou-se maior produtor mundial de carros em 2009, deixando para trás Japão e EUA. O país também é líder em vendas, com 10,3 milhões de veículos já vendidos neste ano. (Cleide Silva)