Diego Ortiz
Essaouira, Marrocos
“Os motoristas não olham no retrovisor e cruzam de repente. Na pista há animais como camelos e ovelhas, além de bicicletas e pessoas. E se a polícia os parar, por favor, sejam gentis. Preparados para a aventura?” Com estas palavras, ditas pelo instrutor de test-drive da Land Rover, Alex Brown, teve início a avaliação da quarta geração do Range Rover Vogue no Marrocos. O utilitário chega ao Brasil em fevereiro de 2013 por cerca de R$ 500 mil.
A série de avisos, claro, causou certa preocupação, sentimento que logo foi substituído por outro, o de surpresa, ao apertar o botão de ignição. O que esse novo Vogue faz, em termos de capacidade off-road, não está no gibi. A isso ainda se associa muito luxo e conforto, possibilidades de personalização e um motor 5.0 V8 Supercharger a gasolina que deve valer por uns mil camelos.
Com 510 cv de potência e 63,7 mkgf de torque, esse oito-cilindros é capaz de grudar o motorista no banco quando acelerado com tudo e faz o jipão ir de 0 a 100 km/h em apenas 5,4 segundos. E olha que estamos falando de um veículo com 2.330 quilos. Que, aliás, passou por uma dieta e perdeu 420 quilos graças à adoção de chassi de alumínio, entre outras modificações. O câmbio é automático de oito marchas.
A suspensão não deixa a carroceria rolar nem o carro escapar em curvas. A sensação é de estar acelerando um hatch médio bem potente. E com ótimo isolamento acústico.
NA LAMA COM ORGULHO
Dos recursos especiais do Vogue, sem dúvida o que chama mais a atenção é o sistema Terrain Response 2, que estreia nesse Range Rover. Além dos tradicionais modos para passar sobre cascalho, neve, lama, areia e rocha, o recurso agora “lê” o terreno e muda o ajuste do carro para cada tipo de piso em menos de um segundo.
O sistema ajudou o jipão a subir, sem muito esforço, uma montanha de 3 mil metros por pequenas estradas vicinais e paredes de rocha. O carro passou por trechos alagados de até 90 cm. O pacote inclui freios Brembo, capacidade de reboque de 3.500 kg, 10% de ganho no coeficiente aerodinâmico e 8% a menos de consumo de gasolina. Se melhorar, estraga.
DOS PÂNTANOS PARA AS MANSÕES DO MUNDO
Exibido no famoso museu francês do Louvre como “um trabalho exemplar de desenho industrial”, o primeiro Range Rover (foto acima) foi criado em 1969 pelo engenheiro Geof Miller. O modelo, que começou a ser vendido em 1970, foi um dos primeiros a ter protótipos de testes (26, no total), pois a marca inglesa pretendia criar um ícone off-road. Não havia ainda a premissa do luxo, embora o carro fosse bem superior aos concorrentes em termos de conforto.
Dois anos depois do lançamento, o jipe foi o pioneiro a atravessar o continente americano de norte a sul, passando inclusive pela temida área pantanosa de Darien Gap, no Panamá. O modelo tinha um moderno motor da Rover (desenhado pela General Motors) de oito cilindros em V, feito de alumínio, com 200 cv de potência.
As gerações seguintes, de 1994 e 2002, surgiram das pranchetas com foco no luxo, mas sem nunca esquecer a origem fora de estrada.
Curiosamente, cada geração do Range Rover foi lançada com a Land Rover sob controle de uma empresa: Rover, em 1970, BMW, em 1994, Ford, em 2002, e agora a indiana Tata – dona da inglesa desde 2008.
(Viagem feita a convite da Land Rover)