DIEGO ORTIZ
FOTOS: SERGIO CASTRO/AE
O Renault Logan automático, tabelado a R$ 41.950, é o carro perfeito, desde que seu motorista não seja um entusiasta dos automóveis. O modelo é espaçoso, confortável, bem equipado, tem um porta-malas bem grande, de 510 litros, e ganha toda a comodidade na cidade que só uma transmissão automática é capaz de proporcionar. Porém, na hora de transmitir alguma emoção, é pura ineficiência.
O desenho defasado não empolga, o acabamento é simples e o desempenho, limitado. Ou seja, o Logan automático e os racionais ao extremo devem se procurar, pois foram feitos um para o outro. O motor até é bom, o conhecido 1.6 16V flexível que gera até 112 cv com etanol e 15,5 mkgf de torque.
O problema todo está no câmbio, de construção antiga e com apenas quatro marchas. Ele estrangula o desenvolvimento da potência e faz muito barulho quando é levado ao limite, culpa do escalonamento de marchas muito longo. Às 3.500 rpm, o som já incomoda. Colocar no modo sequencial até ajuda um pouco a obter mais desempenho, mas é mais uma forma de forçar o motor e aumentar o barulho na cabine. Talvez um isolamento acústico melhor no cofre resolvesse parte do problema.
O câmbio automático do Logan é do tipo auto-adaptativo, que avalia a marcha mais adequada para cada situação. De acordo com a Renault, o mecanismo se ajusta ao estilo de condução do motorista, de uma direção mais suave até um desempenho mais “esportivo”. No entanto, na prática, isso não é visto com clareza.
Para comprovar a lentidão do conjunto, o carro vai de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos. O Logan com câmbio manual e motor 1.6 8V de 95 cv, ou seja, 17 cv a menos, faz a mesma coisa em 11,8 segundos.
No entanto, não há como negar que se o motorista usa o carro apenas para trajetos curtos, e pela cidade, a chegada do câmbio automático na linha Logan é muito bem vinda. Só quem já ficou mais de uma hora no anda e para do trânsito sabe como é.
Como pontos positivos também surgem a suspensão, adequada à buraqueira das ruas brasileiras e muito boa de curva, e o isolamento acústico geral, acima da média dos principais concorrentes diretos.
Já no quesito espaço, o Logan continua surpreendendo. Motorista e passageiros, sejam do tamanho que forem, viajam sem apertos. Efeito dos 2,63 m de distância entre-eixos do carro, ótima para o segmento de sedãs compactos. Falta apenas uma quantidade maior de porta-objetos. A lista de equipamentos também é boa e traz ar-condicionado, direção hidráulica, computador de bordo, conjunto elétrico dianteiro e faróis de neblina.
Entre os opcionais, há toca-CDs com MP3, vidros elétricos traseiros, alarme, rodas de liga leve de 15 polegadas, air bag duplo, freio ABS, volante em couro e terceiro apoio de cabeça traseiro. Com mais estes itens, o preço sobe para R$ 45.600.