O México sofreu um duro revés em janeiro, quando Ford cancelou um aporte de US$ 1,6 bilhão que faria no país, com a construção de uma nova fábrica em San Luis de Potosí. A mudança de planos foi fruto da pressão exercida pela política protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, que fez a montadora redirecionar seus investimentos para a geração de empregos em solo norte-americano. Um mês antes, a também norte-americana Carrier, que produz aparelhos de ar-condicionado, já havia recuado da ideia de erguer uma planta em Nuevo León, no norte do país latino.
Mas as províncias mexicanas afetadas por essa reviravolta podem acabar recebendo dinheiro chinês no lugar do norte-americano. A Great Wall está cogitando as duas localidades para construir uma fábrica de automóveis. Funcionários da montadora chinesa procuraram as principais empresas ferroviárias do México para avaliar aspectos logísticos e oferta de transportes nessas duas regiões.
Os Estados Unidos também estão sendo considerados como opção pela chinesa, conforme revelou um executivo da empresa. A escolha dependerá de questões comerciais envolvendo os dois países e a China.
A possibilidade de atrair investimentos de outros países é um estímulo para que o México reduza sua dependência comercial dos Estados Unidos – que cada estão cada vez mais próximos de implodir o NAFTA, tratado de livre-comércio que mantêm desde 1994 com Canadá e México, e já ameaçam retaliar empresas norte-americanas que continuarem transferindo empregos para o vizinho do sul.
A China não tem tradição em investir no México. Mas em fevereiro a também chinesa JAC Motors andou sondando a possibilidade de se unir ao magnata mexicano Carlos Slim para aplicar mais de US$ 200 milhões na construção de uma fábrica em Hidalgo, região central do país.
Já a possível fábrica da Great Wall custará cerca de US$ 500 milhões. Se a ideia decolar, a construção começa em 2018 e, quando pronta, a fábrica produzirá cerca de 250 mil veículos por ano, usando o máximo possível de insumos chineses.