Após protagonizarem uma das melhores batalhas de 2016, entre as novas gerações de Civic e Cruze, Honda e Chevrolet voltam a se enfrentar. Desta vez, a briga se dá no segmento mais badalado do mercado brasileiro, o de utilitários-esportivos (SUVs) compactos. De um lado, a reputação da japonesa de ter um bom pós-venda, que se reflete na baixa desvalorização de seus produtos, é representada pelo recém-chegado WR-V. Do outro está a poderosa líder de vendas, que tenta deu sobrevida ao Tracker, seu representante nesse duelo, por meio de uma repaginada no visual e da adoção do melhor motor do segmento.
Os dois modelos têm muito em comum: além das dimensões da carroceria e capacidade do porta-malas serem semelhantes, os dois ficam devendo na oferta de itens que são quase obrigatórios na categoria, como controle eletrônico de estabilidade e ar-condicionado digital. Os preços também são próximos: na versão de entrada, LT, o Tracker LT parte de R$ 81.990 e na de topo do WR-V, EXL, a tabela começa em R$ 83.400.
Em um duelo dos mais acirrados, o Chevrolet levou a melhor por apenas um ponto, graças à superioridade de seu conjunto mecânico. Motor, câmbio e, consequentemente, seu desempenho, são bem melhores que os do Honda, que não chega a ser ruim, mas não é páreo para o rival.
Feito no México, o SUV da Chevrolet traz um 1.4 de 153 cv, ante os 116 cv do 1.5 do WR-V. Turbinado, o quatro-cilindros do Tracker tem ainda injeção direta de combustível e bons 24,5 mkgf de torque a 2.000 rpm. São quase 10 mkgf a mais que o do Honda, que chegam ao pico só a partir das 4.800 rotações por minuto.
O resultado é que, mesmo sendo 252 quilos mais pesado, o Chevrolet deixa o Honda para trás, e com ampla vantagem, em qualquer situação. A diferença fica ainda mais evidente quando é preciso retomar velocidade rapidamente – ao aplicar forte pressão no pedal do acelerador, o WR-V sofre.
Esse sintoma, aliás, não é apenas por causa do baixo torque do motor. O câmbio CVT do Honda, que tem a virtude de fazer trocas suaves de marcha, se comporta melhor quando o objetivo é ganhar velocidade de forma gradativa. O automático de seis velocidades do Tracker, por sua vez, se destaca pelas rápidas respostas.
Essa característica do câmbio do WR-V aliada ao peso mais baixo, resultam em menor consumo de combustível, mesmo que o motor do Honda não seja tão moderno quanto o do rival. O 1.5 é apenas regular, mas permite ao carro rodar até 8,2 km com um litro de etanol em ciclo urbano, segundo dados divulgados pelo Inmetro. Com seu 1.4, o Chevrolet roda até 7,2 km na cidade também com o derivado da cana-de-açúcar. Na estrada, a diferença é menor.
O controle eletrônico de estabilidade (ESP) não está no pacote de equipamentos de nenhum desses SUVs, mas faria bem a ambos. Como têm centro de gravidade alto, as carrocerias desses carros balançam muito em alta velocidade, o que pode passar uma certa sensação de insegurança. Mas em ambos os sistemas de direção têm respostas precisas.
Equipamentos. Nenhum dos dois modelos traz ar-condicionado digital. No Tracker, esse equipamento está disponível apenas na versão de topo, LTZ, tabelada a R$ 92.390. No WR-V, o item não faz parte nem mesmo da lista de opcionais.
Em compensação, a central multimídia do Honda vem com navegador GPS, enquanto a do Chevrolet traz compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto, o que se traduz em maior interação com smartphones. O WR-V ELX vem com câmera na traseira, que também está apenas na opção LTZ do Tracker.
Só o Honda traz luzes diurnas de LEDs – as do Chevrolet são convencionais. Por outro lado, só o Chevrolet tem sistema start&stop, que desliga o motor em paradas no trânsito e semáforos, por exemplo. Porém, diferentemente do que ocorre na maioria dos carros com esse recurso, no Tracker não é possível desativa-lo.
A nota maior do Honda no quesito equipamentos (confira no quadro) é por causa dos air bags. O Chevrolet vem com os dois obrigatórios e o rival, com seis.
A melhor posição de dirigir é mais fácil de se encontrar no Tracker. No WR-V, a parte inferior do encosto do banco do motorista é muito alta e poder gerar desconforto para quem está ao volante. A favor do Honda está o sistema de rebatimento dos bancos traseiros, que são retráteis, e permite formar um assoalho plano com o porta-malas, ampliando a capacidade de carga e facilitando o transporte de objetos compridos. Isso garantiu melhor nota para o modelo nesse quesito.
No visual, os dois têm linhas dianteiras harmoniosas, que chamam a atenção, diferentemente do que ocorre com a parte de trás. Ainda assim, o estilo da traseira do Tracker é mais bem resolvida. O desenho das lanternas do WR-V cria um estilo estranho na traseira, que tem estilo muito quadrado, como a do Fit – carro no qual o novo Honda é baseado. O Chevrolet utiliza a base de Onix, Prisma e Cobalt.
O novo Honda confirma a fama positiva conquistada pela marca no pós-venda, por ter revisões mais baratas que as do concorrente. Em relação ao seguro, as cotações para o WR-V também têm valores mais baixos que as do Tracker.