Quando o empresário Walter Delfino, de 54 anos, olha para o Puma GTB S2 de 1980, que ele levou três anos para restaurar, seus pensamentos revivem um passado feliz – quando tinha 20 anos e nenhuma chance de botar suas mãos no esportivo.
“Eu ia a salões de baile com meu Volkswagen Fusca rebaixado e ficava esperando as meninas na porta. A gente namorava dentro do carro até altas horas, sem medo de ser feliz”, relembra.
Na época, o Puma GTB fascinava os fãs de velocidade, com seu motor 250-S, versão mais potente do seis-cilindros que equipava o Chevrolet Opala. “Era um dos carros mais rápidos, muito usado por jovens que gostavam de cantar pneu e tirar rachas”, ele conta.
O empresário só conseguiu encontrar seu exemplar em 2013, por indicação de um funileiro que o havia visto encostado em uma oficina, à venda. Com cerca de 50 mil km rodados, o Puma estava degradado pela ação do tempo, mas íntegro – e pareceu perfeito para o novo dono. “Eu não queria pegar nada pronto, mas um carro que pudesse refazer do zero.”
O GTB foi levado para a fábrica de Delfino, desmontado e reconstruído nos mínimos detalhes, sob a supervisão constante do empresário. “Fiz um bom estoque de peças originais, comprando até itens de que nem precisava. Quando você acha alguma raridade, tem de agarrar a oportunidade”, diz. “Só de lanternas, tenho cinco jogos.”
Assim que ficou pronto, o Puma debutou em um evento de antigos em Águas de São Pedro, no interior paulista. E se deu bem. “O evento era de picapes, mas ele foi premiado mesmo assim”, gaba-se Delfino, que gosta de passear com o carro pela Rodovia dos Bandeirantes. “É uma estrada tranquila e segura, que proporciona boas condições para rodar com antigos.”
Nas ruas, o Puma encanta antigos admiradores e desperta a curiosidade daqueles que não o conhecem. De acordo com Delfino, porém, o maior interesse parte dos jovens fãs dos esportivos atuais.
“Às vezes, ‘cola’ alguém com um Audi turbo e me ‘cutuca’. A molecada quer ver o poder de um esportivo antigo, sentir o músculo dele”, diz Delfino, que curte a agressividade do carro.
“O Puma entrega uma sensação diferente, pelo ronco do motor e pela tocada com tração traseira, que é muito peculiar”, descreve. “Com ele, um condutor inexperiente sai de traseira mesmo, sempre foi assim. Até dou uma brincada e o ‘aperto’ um pouco, mas não vou ao limite, por questões de segurança da via e pelas próprias limitações de um carro tão antigo.”
Mas o maior prazer é mesmo o da nostalgia. “Quando entro nele, revivo aquele tempo. Fiz questão de instalar um aparelho de som da época, com toca-fitas KP-500 e tweeters Selenium, que eram o que havia de melhor. Quem entra nele volta aos anos 80 e quem pega no volante começa a sonhar.”
Eis uma autêntica máquina do tempo.