O AMG GT-R e o R8 são carros que dificilmente você verá nas ruas – modelos como esses têm cerca de 15 emplacamentos no Brasil por ano. Neste duelo, o Mercedes, com seu motor V8 biturbo de 585 cv e tabela de R$ 1,2 milhão, desafia a segunda geração do Audi, com seu V10 de 610 cv, que acaba de desembarcar no País por R$ 1.170.990. A briga, bem acirrada, foi vencida pelo AMG por muito pouco.
Aliás, nem dá para dizer que o R8 perdeu, mas sim que o GT-R leva pequena vantagem por ser mais versátil. Entre as vantagens, o AMG pode ser, se assim o motorista quiser, mais silencioso e confortável que o rival. O Audi é visceral o tempo todo, enquanto o Mercedes incorpora várias personalidades conforme o gosto do freguês.
Em comum, além de virem da Alemanha, ambos trazem o melhor da tecnologia em prol da performance. Itens como controle de largada, estrutura superleve (a do Audi é uma das pioneiras feitas totalmente de alumínio), peças de fibra de carbono (como o eixo cardã do Mercedes) e metais nobres são comuns aos dois.
Embora seja 25 cv menos potente, o AMG tem 25% mais torque, que é entregue 4.600 rpm mais cedo. Além disso, dá para regular a assistência do controle de tração, de 0 a 100%. Para isso é preciso acionar o modo Race (corrida) e girar um botão na parte central do painel, logo abaixo das quatro saídas de ar circulares.
No Audi, quem tem muita habilidade e coragem, ou pouco juízo, pode desligar o sistema. É claro que a tração nas quatro rodas ajuda a manter o R8 sob controle em pistas, mas negligenciar essa assistência não é exatamente algo aconselhável.
O acabamento é esmerado. Há couro, fibra de carbono, Alcântara e metal fosco, entre outros materiais. No volante, com ajustes elétricos, assim como os dois bancos, ficam os botões de partida (à direita) e modos de condução (esquerda).
Tudo seria ótimo para o R8 se não fosse o rival. O GT-R eleva o padrão de comparação por ter acabamento primoroso, volante com ótima pegada e condução irrepreensível.
Estilo visceral x personalidade múltipla: AMG GT-R e R8 são carros impressionantes – a começar pelas linhas. Na dianteira, o Audi se destaca pelos faróis e o Mercedes, pela enorme grade. Visto de trás, alguns chegaram a comparar o Mercedes ao Volkswagen SP2. O fato é que o Audi dá show nesse quesito.
Por dentro, ambos abraçam passageiro e motorista – para o qual tudo (volante, instrumentos, painel…) está voltado. Não por acaso, o “piloto” é o rei. Mas ao dar a partida no motor as diferenças ficam evidentes. O Audi é uma “Lamborghini alemã”, com seu V10 aspirado, respostas ríspidas (mesmo no modo Comfort) e ronco furioso. O R8 e sua adrenalina pura entorpecem – e cansam.
O GT-R é comedido se assim seu motorista desejar. É mais silencioso, e os bancos com o mesmo tipo de material utilizado nos F-1 agradam. Mas basta girar um botão para tudo mudar e o AMG também ser visceral. Só ele pode ter gaiola de proteção e bancos de competição sem custo extra. A Mercedes não informa preços de manutenção do GT-R.
Opinião. Tanto Faz: Eu não saberia o que escolher entre cafuné na nuca e massagem nos pés. Também seria complicado optar por doce de leite se tivesse de abrir mão do cafezinho expresso. É mais ou menos assim que me sinto sobre o AMG GT-R e o R8 V10.
Não creio que terei R$ 1 milhão para comprar um carro antes de morrer, mas, se tivesse, ficaria bem indeciso entre o Mercedes e o Audi. A única certeza é que para rodar em um desses é preciso ter muita paciência e uma certa veia de pop star. Afinal, todo mundo vem puxar papo na parada de semáforo. Olha para a direita: tem um fotografando. Olha para a esquerda: outro filmando. E é assim o tempo todo.
Se você gosta de acelerar forte e tem onde fazer isso com segurança, esses dois superesportivos são capazes de proporcionar sensações incríveis. Pensando bem, seria mais provável que eu comprasse o GT-R. Mas ficaria com dor no coração toda vez que pensasse no R8. Ainda bem que não tenho esse dinheiro.
AGRADECIMENTO: KARTÓDROMO INTERNACIONAL GRANJA VIANA, FONE: 4702-5055