O comerciário Robson Jacob não passa despercebido quando está ao volante de seu Oldsmobile Cutlass de 1967. O muscle car fabricado pela antiga divisão da General Motors norte-americana é um verdadeiro chamariz de fãs e curiosos – especialmente quando roda com a capota aberta.
“Todos elogiam a beleza dele. Um Porsche não faria o mesmo sucesso. Se o objetivo é ser notado, o carro cumpre o requisito com nota dez”, diz o dono, que leva na esportiva o bombardeio de perguntas. “Respondo com a mesma paciência as inteligentes e as idiotas.”
Tanto assédio cria situações inusitadas no trânsito. “Às vezes, os interessados emparelham seus carros de tal maneira que não consigo fazer a conversão que pretendia, e sou obrigado a mudar todo o meu trajeto”, ele conta. “Em Boituva, no interior paulista, um motorista quase bateu na cerca da rodovia tentando tirar uma foto.”
O interesse do comerciário pelos modelos da Oldsmobile surgiu na infância, quando o pai comprou um cupê de 1964. Mas ele só encontrou um exemplar para chamar de seu em 2014, durante um encontro de antigos em Curitiba. “Era de um amigo meu. Consegui convencê-lo ali mesmo a vender o Cutlass e comprar o Cadillac Limousine que eu tinha.”
A troca fez todo o sentido para Jacob, que prefere modelos com pegada mais esportiva. “O Cadillac tem pouco motor para o peso dele, é um carro beberrão e lento. Este aqui pelo menos é beberrão e anda bem”, compara.
Com a originalidade praticamente intacta, exceto nos pneus e na capota, o carrão roda menos de uma vez por mês, aos sábados e em viagens curtas. São duas as explicações para isso: excesso de zelo e falta de tempo.
“Fico com medo de que aconteça alguma coisa. Não é fácil encontrar peças para ele. Além disso, tenho outros antigos para usar”, justifica o dono.
Bonachão. O Cutlass tem um comportamento dinâmico bastante peculiar, de acordo com Jacob. “É um carro bem bonachão, com muito motor e pouco pneu”, define. “Ele mais canta pneu do que anda. Se eu estiver a 40 ou 50 km/h e pisar fundo no acelerador, ele já sai ‘cantando’”, diverte-se.
Na estrada, o comerciário garante que pega leve com a relíquia. “Minha filosofia é respeitar a idade do carro. É um modelo para passear, e não passo de 100 km/h. Ele vai tranquilo em uma rodovia como a Castello Branco, mas não em uma serra. Ela balança muito e sai de frente em curvas.”
Para o futuro, a perspectiva é de mais caminhos tranquilos pela frente, sempre a bordo do Oldsmobile. O comerciário não cogita se separar de seu xodó por nada – nem mesmo por algumas horas.
“Vira e mexe, surgem propostas para usar meu carro em comerciais. Mas os R$ 300 oferecidos não pagam nem a gasolina que eu gastaria para me deslocar até o local da gravação.”