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Opala nasceu rústico e morreu sofisticado
Carro do leitor

Opala nasceu rústico e morreu sofisticado

Exemplares da primeira safra, de 1969, e da série derradeira, de 1992, ilustram transformações que marcaram a trajetória do Chevrolet

Thiago Lasco

05 de nov, 2017 · 6 minutos de leitura.

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Duas gerações do Opala
Crédito:Foto: Helvio Romero/Estadão
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Poucos modelos deixaram tantos fãs como o Opala. Em 23 anos de “vida”, o primeiro carro de luxo da Chevrolet no Brasil mudou na mecânica e no visual, sem perder a essência. Reunimos um exemplar da primeira safra, de 1969, e um da série derradeira, de 1992. Ambos pertencem a membros do Clube do Opala de São Paulo, que se reúne às terças-feiras na capital.

Um desses entusiastas é o mecânico Edson Borges. Dono de Opalas desde os 16 anos de idade, ele chegou a ter seis unidades do Chevrolet ao mesmo tempo. Ele administra um galpão na zona sul da capital paulista onde dezenas de antigos ficam guardados e recebem manutenção. Um desses carros é o Opala 1969 desta reportagem.

“Acabo rodando mais com ele que o próprio dono, que é o quarto proprietário do veículo e está com ele desde 2005”, diz o mecânico. “O carro sai da garagem uma vez por mês.”

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Parte da primeira safra do modelo, o sedã conserva impecável o acabamento na cor vermelha e registra apenas 48 mil km no hodômetro. Borges trabalhou por muitos anos como vistoriador de antigos em processo de obtenção da placa preta e sabe reconhecer o valor de um carro tão íntegro.

“Seria muito difícil refazer a tapeçaria dele no padrão original. Só o conjunto de grade dianteira, frisos do capô e aros de faróis e para-lamas vale mais de R$ 6 mil”, ele explica.

A mecânica da fase inicial do Opala era simples, com direção e freios sem assistência hidráulica. “Este é um carro meio bruto, de reações lentas. Se o semáforo está 100 metros à frente, é bom começar a frear já, senão ele não para”, diz o mecânico.


Sob o capô, há um seis-cilindros de 3,8 litros e 125 cv, herdado do Impala norte-americano. “Esse motor ficou na linha até 1971, quando foi substituído pelo 4.1 de 140 cv. Ele demora um pouco a deslanchar, pois a carburação simples limita muito as respostas”, afirma Borges.

Reencontro

O Opala também marcou a vida do piloto de avião Sylvio Luiz Pinto e Silva desde a adolescência: foi no modelo de 1971 do pai que ele aprendeu a guiar e fez a prova prática de direção, em 1973. Mas, se a paixão pela Chevrolet nunca esmoreceu (ele teve vários modelos da marca), o sedã só voltou a acompanhá-lo a partir de 1997.

“Eu precisava de um segundo carro mais barato, para dirigir até o aeroporto e deixar estacionado. Comecei a ver uns Opalas lindos reunidos no Pacaembu e pensei: por que não comprar um?”, ele lembra. “Além de espaçoso e confortável, ele não era tão valorizado. Pela má fama de gastador, custava o mesmo que modelos menores.”


O piloto comprou um Diplomata 1987, associou-se ao clube e, com interesse renovado, adquiriu outras unidades. É dele o sedã de 1992 desta página, um dos 100 exemplares da edição especial Collectors, com a qual a GM se despediu do modelo.

“Comprei este carro em 2007, para repor um Diplomata de 1992 que perdi em um acidente. Eu o uso no dia a dia, como faria com um Civic ou Corolla”, conta o piloto. “Os colegas que pegam carona comigo se surpreendem com o espaço e o silêncio a bordo: como um carro de 30 anos não faz barulho?”

A série derradeira incorporou melhorias como freios a disco nas quatro rodas, direção hidráulica progressiva e uma nova transmissão automática de quatro velocidades – até então, a caixa era de três marchas. “A Chevrolet colocou tudo de melhor nele”, resume o piloto.


Silva destaca as mudanças no visual, que perdeu os cromados e quebra-ventos e ganhou para-choques envolventes pintados na cor da carroceria e lanternas fumê. “Isso deu ao carro um ar mais esportivo, que faz sucesso com os jovens de hoje. Ficou elegante e moderno”, acredita.

Por outro lado, as respostas do motor não lembram em nada a diversão proporcionada pelos seis-cilindros mais antigos. “Nos últimos modelos, o ajuste da GM foi mais voltado à economia de combustível. Por isso, este carro não tem tanta pegada.”

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.