Depois do Fiat Argo, a chegada do novo Volkswagen Polo deu uma segunda “balançada” no segmento de hatches. O novo compacto retoma um nome pomposo e conhecido dos brasileiros, mas com uma proposta mais ampla que a do anterior.
O Polo praticamente substituiu o Fox (que continua à venda), da mesma forma que o Argo suplantou o Palio. A variedade de opções de ambos colocou os novatos em congruência com as versões de dois campeões de vendas: Chevrolet Onix e Hyundai HB20.
Aqui, o confronto envolve os quatro. Os novatos e o Hyundai comparecem em suas versões intermediárias com câmbio manual – Argo Drive 1.3, a R$ 53.900, Polo 1.6 MSI, tabelado a R$ 54.990, e HB20 1.6 Comfort Plus, com preço sugerido de R$ 53.330. Esta, aliás, é a única opção do Hyundai com motor 1.6 e câmbio manual. Já o Onix veio na opção de topo, LTZ 1.4, cuja tabela parte de R$ 57.290.
Cada um deles tem qualidades e defeitos, e o embate se dividiu em dois “andares” na tabela de pontos. Onix e HB20 ficaram próximos, mas abaixo de Argo e Polo, que travaram disputa acirrada no degrau ligeiramente acima. Veja os detalhes à direita e nas próximas páginas.
4º – Chevrolet Onix
O Onix não é o líder disparado do mercado brasileiro à toa. Tem um conjunto equilibrado e itens importantes, como uma boa central multimídia.
O problema é que na versão LTZ o Chevrolet é o carro com preço inicial mais alto desse quarteto – e não há justificativa para isso. Enquanto o Polo chega à casa dos R$ 57 mil exibindo ESP (opcional) e cabine mais espaçosa, o Onix não traz mais do que o trivial.
O líder é o mais apertado para os ocupantes e tem o menor porta-malas, com 280 litros, ante 300 litros dos três rivais. Além disso, o motor 1.4 de até 106 cv é o mais fraco da turma.
O Onix tem câmbio macio e preciso e é gostoso de guiar. Mas o desempenho não empolga e não há a esperteza das respostas do HB20, por exemplo.
Pelo menos o Chevrolet é silencioso, principalmente na estrada. A sexta marcha (disponível apenas no Onix e no HB20) ajuda a manter o motor girando baixo em velocidade de cruzeiro. O bom isolamento acústico contribui para o baixo nível de ruído a bordo.
3º – Hyundai HB20
O HB20 Comfort Plus é um caso curioso. A versão é a única com motor 1.6 e câmbio manual disponível em toda a extensa gama do modelo. E isso é uma faca de dois gumes para o hatch.
O lado bom é ser o mais barato do quarteto. Pesa contra a limitada lista de equipamentos e o fato de não haver opcionais. O hatch traz de série ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico e um rádio simples. De importante, é só.
O HB20 1.6 com câmbio manual não pode ter itens desejados como central multimídia ou rodas de liga leve, por exemplo. Esses equipamentos, curiosamente, estão disponíveis em versões com motor 1.0 ou 1.6 com câmbio automático.
O grande apelo dessa versão é o competente 1.6 (até 128 cv). O motor brilha e oferece o melhor desempenho do quarteto.
Não falta força ao modelo, que é bem leve, em momento nenhum. A direção também recebeu boa calibração. Na prática, é leve em manobras e vai ficando firme conforme a velocidade aumenta.
2º – Volkswagen Polo
O Polo chegou dando um show de tecnologia, com direito a painel virtual e motor turbo. Mas esses itens são exclusivos das versões mais caras. O centro da gama é a opção 1.6 MSI, que traz exatamente os mesmos itens da 1.0 de entrada, embora seja equipada com um motor mais forte.
Por isso, o Polo intermediário, a despeito de ser o segundo mais caro dos quatro, não tem nem ajuste elétrico para os espelhos externos. Ainda que seja o único a trazer air bags laterais e poder contar com ESP (parte de um pacote opcional de R$ 2.600, que inclui outros itens), foi seu acabamento franciscano que permitiu ao Argo ser o vencedor do comparativo.
A cabine do VW é bem montada, mas a qualidade dos materiais destoa da qualidade construtiva. Os plásticos que revestem portas e console central parecem ser de veículos de segmento inferior.
O Polo é o que apresenta mais refinamento ao rodar. O motor 1.6 de até 117 cv não deve em agilidade, mas também não desperta emoção.
1º – Fiat Argo
Nessa briga para lá de acirrada, o Argo ganhou por entregar o melhor conjunto do quarteto. O preço inicial é um pouco superior ao do HB20 (R$ 570 a mais), mas o Fiat já vem de série com a ótima central multimídia Uconnect com Android Auto e CarPlay. Além disso, pode receber opcionais interessantes, como câmera atrás (exclusiva no grupo) e rodas de liga leve.
O Argo também é o mais espaçoso dos quatro. Isso permite ao Fiat levar inclusive os ocupantes do banco de trás com mais conforto que os rivais.
Mas o “pulo do gato” do Argo é oferecer o melhor acabamento, com materiais de qualidade superior aos dos concorrentes, além de boa montagem. O rodar é quase tão sólido quanto o do Polo e o Fiat surpreende pelo conjunto bem acertado.
O 1.3 não torna o Argo um rojão como o HB20, mas também não decepciona. Embora esteja entre os mais fracos do quarteto, com 109 cv, o motorzinho é valente e permite ao hatch rodar com desenvoltura.
O câmbio de cinco marchas tem escalonamento correto e aproveita bem a força do 1.3. Na estrada, uma sexta marcha seria bem-vinda. Ao trabalhar em rotações mais baixas, o motor consumiria menos e seria mais silencioso.
A direção com assistência elétrica é leve em manobras, mas poderia ter mais peso em velocidades mais elevadas, como a do Polo.
O maior senão dessa versão do Argo é que itens como controles de estabilidade e tração (com assistente de partida em rampa) estão restritos à opção com câmbio automatizado.