O duelo entre Polo e Fiesta era um dos mais aguardados deste fim de ano. Afinal, trata-se de um confronto entre dois tradicionais concorrentes, e que acabam de receber atualizações. Porém, o que prometia ser uma briga muito disputada foi um jogo fácil. A razão é que, ao contrário do Fiesta, o Polo foi para o jogo com força máxima.
Em novembro, a Volkswagen lançou no Brasil o Polo de sexta geração, a mesma que estreou há três meses na Europa. O modelo totalmente novo estreou a plataforma modular MQB, e veio para o confronto na versão de topo, Highline 200 TSI, com tabela a partir de R$ 69.190. Do outro lado, o Fiesta Titanium Plus (R$ 75.190) compareceu com poucas mudanças: a linha 2018 ganhou frente nova (grade e para-choque), lanternas redesenhadas e – finalmente – central multimídia. Foram atualizações insuficientes para barrar a vitória do rival da Volkswagen.
Os dois modelos são conhecidos pelas ótimas dirigibilidade e respostas. Só que o Polo leva a melhor: a versão Highline 200 TSI vem com o moderno motor 1.0 turbo de três cilindros, com injeção direta de combustível e 128 cv. Com isso, consegue maior agilidade em relação ao 1.6 Sigma aspirado de quatro cilindros e (também) 128 cv – o 1.0 Ecoboost (turbo de três cilindros) não equipa mais a versão de topo do Ford.
Embora a potência seja a mesma, na prática o Polo larga na frente, porque sua pequena turbina “enche” rapidamente. O torque maior (20,4 mkgf) está disponível a apenas 2.000 rpm. No Fiesta, os 16 mkgf aparecem às 5.000 rpm. Isso resulta em maior agilidade no Polo e acelerações graduais no Fiesta.
Além de oferecer desempenho superior, o Volkswagen é mais econômico: de acordo com dados fornecidos pelas fabricantes, com etanol os dois gastam quase o mesmo na cidade (o Polo faz 8 km/l, contra 8,2 km/l do Fiesta). Mas, na estrada, o VW alcança 11,6 km/l, ante 10 km/l do Ford.
Em ambos o câmbio tem seis marchas, mas a caixa automática convencional do Polo tem funcionamento mais suave e é mais confiável do que a automatizada de dupla embreagem do Fiesta. Além disso, no VW é possível fazer trocas manuais por meio de hastes no volante. No Fiesta, a opção de mudança manual é feita por um botão na própria alavanca de marcha.
Em termos de espaço no banco traseiro, o Polo também leva a melhor, graças aos sete centímetros a mais entre os eixos (2,56 metros, contra 2,49 m no Fiesta). O porta-malas do VW é mais espaçoso (300 litros), ante os 281 l do Ford).
Mesmo sendo “mais velho”, o Fiesta ainda parece atual por causa das linhas esportivas, enquanto o Polo não chama atenção. Nas ruas, chega a ser confundido com o Gol, apesar de a comparação ser injusta. Para tentar elevar o status do hatch e distanciá-lo do “irmão”, a VW o trata como um “mini-Golf”.
No acabamento, os dois carros se equivalem na simplicidade. Ambos utilizam revestimento interno de plástico rígido e detalhes bastante espartanos.
O Polo também levou a melhor em aspectos que pesam no bolso, como preço da apólice de seguro e das revisões.
Polo tem mais tecnologia que o Fiesta
Em termos de recursos de tecnologia, a sexta geração do Polo é bem superior ao Fiesta. O modelo da Volkswagen tem central multimídia com tela de 7 polegadas enquanto a do Fiesta é de 6,5”. Nos dois há compatibilidade com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay.
Além disso, opcionalmente (R$ 3.300), o VW oferece quadro de instrumentos virtual e personalizável, tela de 8”, câmera na traseira, indicador de pressão dos pneus e detector de fadiga do motorista, entre outros equipamentos. O Polo tem freio a discos nas quatro rodas, enquanto o Fiesta mantém os tambores no eixo de trás.
No que se refere a segurança ativa, o hatch da Volkswagen oferece um sistema que trava as rodas após uma colisão, para evitar a possibilidade de um segundo choque (o que costuma ocorrer depois do primeiro impacto, quando o motorista pode acabar perdendo o controle do carro). Controles de tração, estabilidade e auxiliar de partida em rampa são itens de série nos dois modelos, nas versões de topo, como as avaliadas, assim como sistema Isofix para fixação de assento infantil. Em termos de segurança passiva, o Polo tem mais aços de alta resistência que o Fiesta, nas áreas em que é necessária maior proteção aos ocupantes.
Mas, na versão de topo (Titanium Plus), o Ford vem com sete air bags, contra apenas quatro do VW. Aliás, nas opções de topo, os dois carros vêm com chave presencial e partida por botão, além de ar-condicionado digital, iluminação diurna de LEDs e faróis de neblina.
Opinião
Entre o Fiesta e o Ka, a Ford fez a escolha de Sofia
A Ford não tinha dinheiro suficiente para fazer no Fiesta as mesmas mudanças que introduziu no EcoSport (caso do novo motor 1.5 de três cilindros e do câmbio automático). Por isso, <CL>em vez de trazer a nova geração do hatch, que roda na Europa, optou por uma reestilização econômica, para poder investir no próximo Ka. Foi uma escolha de Sofia: decidir entre duas opções difíceis. As melhorias negadas ao Fiesta vão aparecer no Ka que será lançado no primeiro semestre do ano que vem. Quanto ao câmbio automatizado, a Ford garante que fez tudo o que era preciso para sanar as falhas: reforçou o material de atrito da embreagem, trocou retentores, reprogramou o módulo eletrônico e sumiu com o nome Powershift. Mesmo assim, vamos ver como o comprador vai reagir. A onda de problemas dessa transmissão criou um estigma para o carro. O Fiesta está vivendo o que o Polo viveu há cerca de uma década. Na época, a Volks passou a investir no Gol e no Fox, deixando o Polo de lado. A montadora desligou os aparelhos do modelo em 2015. Agora, ele voltou com tudo. Fez bem quem trocou o Polo pelo Fiesta há coisa de quatro, cinco anos. Agora, é hora de destrocar.