Sentado no banco de trás do Virtus, o assessor de imprensa da VW resumiu os atributos do novo sedã aos jornalistas que ocupavam os assentos dianteiros, durante a viagem de avaliação: “Aí na frente, vocês estão em um Polo. Eu estou no Virtus”. A síntese é precisa. Até a metade, o sedã é idêntico ao hatch do qual deriva, tanto na aparência quanto em dirigibilidade. Da coluna central para trás, tudo muda.
Enquanto conferíamos o bom desempenho do motor 1.0 TSI, de três cilindros com turbo, que gera 128 cv, o funcionário da marca ia bem acomodado no banco traseiro, graças ao amplo espaço para pernas.
O Virtus tem 2,65 metros de entre-eixos, ou 8,5 cm a mais que o Polo. Isso resultou em área adicional para quem vai atrás. No sedã, os joelhos ficam bem mais longe do banco dianteiro do que no hatch.
Da mesma forma, há muito mais espaço para bagagens. O porta-malas tem 521 litros de capacidade, 221 l a mais que o do Polo (300 l). Isso é resultado dos 4,48 m de comprimento, ou 42,5 cm a mais que o hatch.
O novo sedã, feito em São Bernardo do Campo (SP), chega às autorizadas nesta semana em três versões. A MSI tem tabela a partir de R$ 59.990 e vem com motor 1.6 de quatro cilindros e até 117 cv. A Comfortline (parte de R$ 73.490) e a Highline (R$ 79.990) têm propulsor 1.0 turbo de 128 cv, como o do carro avaliado.
O 1.6 funciona em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas, o 1.0 turbo (TSI) trabalha em sintonia com a transmissão automática de seis marchas. Ao contrário do Polo, o sedã não terá opção 1.0 aspirada. A explicação está no fato de que o sedã é mais voltado às famílias. Por isso, em tese, leva mais gente e mais bagagem.
Assim como o Polo, o Virtus tem acabamento simples e muita tecnologia. Os plásticos rígidos não agradam ao tato. A tampa do porta-luvas, sem nenhum tipo de amortecimento, despenca quando é aberta.
Como no “irmão”, não há alça no teto para a mão. E o carpete em volta dos suportes do acabamento da tampa do porta-malas, sem nenhum cuidado, deixa até fios aparentes. Chega a ser um contraste diante da carroceria bem desenhada.
O sedã tem estilo com muito mais personalidade do que o próprio Polo. Nas ruas, o hatch praticamente não chama atenção, e, quando é notado, chega a ser confundido com o Gol, embora a comparação seja injusta.
O Virtus tem visual mais moderno que o do Voyage, e dimensões próximas às do Jetta da geração antiga. Os dois têm a mesma distância entre os eixos, mas o porta-malas do Virtus é maior (no Jetta, são 510 l).
Além disso, como no Polo, o encosto do banco dianteiro pode ser totalmente rebatido para a frente, o que permite levar objetos compridos. O dispositivo, porém, é um opcional da versão Highline.
DESAFIO
“Sedã é o carro mais difícil de desenhar”, afirma o chefe de design da Volkswagen do Brasil, José Carlos Pavone. O desafio, segundo ele, é que o porta-malas precisa ser grande e o teto deve ser mais alto em relação ao do hatch, para não comprometer as proporções.
Em resumo, nem sempre forma e função andam juntas em modelos de três volumes, mas o carro desenvolvido conjuntamente pelas equipes de estilo do Brasil e da Alemanha apresenta estilo harmonioso entre frente, laterais e traseira. As linhas são modernas e as lanternas bem desenhadas lembram as do Audi A3, além de invadirem as laterais, como no A4.
ANDANDO
Em movimento, os 50 kg a mais em relação ao Polo não fazem diferença. A suspensão foi recalibrada, e na pista de testes o sedã mostrou o mesmo comportamento equilibrado do hatch em curvas. A direção com assistência elétrica é precisa e a suspensão garante estabilidade e conforto, mesmo sobre pavimentação irregular.
De acordo com o vice-presidente de vendas e marketing da VW, Gustavo Schmidt, a versão MSI (1.6 com câmbio manual) deverá responder por 25% das vendas do sedã. Por isso, neste primeiro contato havia apenas as opções intermediária e de topo, que vão representar 75% das vendas.
O Virtus é o primeiro VW a ter manual cognitivo, sistema desenvolvido em parceria com a IBM capaz de interagir com o usuário para tirar dúvidas sobre o carro. Em breve, o dispositivo passará a ser oferecido em outros modelos da marca.
VERSÃO DE ENTRADA É BEM DESPOJADA
O Virtus disputará mercado com uma ampla gama de sedãs, que vai do Chevrolet Prisma ao Honda City. A maior expectativa deverá ser a concorrência com outro novato, o Fiat Cronos, que também está chegando. Por isso, além da plataforma moderna e do visual estiloso, o VW tem vários equipamentos, principalmente nas versões intermediária (Comfortline) e de topo (Highline).
Feita para brigar com os sedãs mais acessíveis, a versão MSI é a mais despojada da linha. Ela tem quatro air bags, vidros elétricos, regulagem de altura do banco do motorista, computador de bordo, sistema Isofix de fixação de assento infantil e suporte de celular. Porém, não há ajuste de coluna de direção, rodas de liga leve e ajuste elétrico para os espelhos, por exemplo. As rodas de 15” são de ferro.
A partir da Comfortline, o sedã traz de série equipamentos como freio a disco nas quatro rodas, controle de estabilidade, banco traseiro bipartido, volante com comandos do som e rodas de liga leve (15”).
A Highline é a única a oferecer o quadro de instrumentos virtual (Active Info Display) e como opcional. O dispositivo é configurável, reproduz o mapa do navegador GPS e muda o tamanho dos mostradores. A tela tem dez polegadas. Outros opcionais são câmera na traseira, central multimídia com tela de 8”, bancos com revestimento que imita couro e rodas de 17”.
De série, a Highline tem porta-luvas refrigerado, luzes de LEDs de uso diurno e faróis de neblina com função direcional (acompanham o ângulo das curvas). Há ainda aletas no volante para trocas manuais de marcha e rodas de 16”, entre outros itens.
PRÓS E CONTRAS
PRÓS: DIRIGIBILIDADE
O sedã se comporta como o Polo. Tem rodar silencioso, direção precisa e boa estabilidade em curvas.
CONTRAS: ACABAMENTO
Alto nível de tecnologia da versão de topo disfarça itens como os plásticos duros no painel e nas laterais.