Junto com o câmbio automático, a central multimídia foi um dos fatores que salvou a vida do Etios. O modelo da Toyota do Brasil só decolou em vendas após cinco anos de mercado, e depois de receber esses dois itens.
A Toyota do Brasil, porém, parece não ter aprendido a lição. Em minha análise, a marca cometeu um grande erro estratégico com aquele que é um dos lançamentos mais aguardados do ano, o Yaris.
Todos os detalhes sobre a linha (sedã e hatch), incluindo preços e versões, você encontra aqui. O carro já pode ser encomendado nas concessionárias, mas a produção só começa em julho.
Os preços são altos? Até são, mas isso já era previsto. Além disso, não são escandalosamente altos.
O hatch Yaris parte de R$ 59.590. Seu principal concorrente, o Polo, começa em R$ 56.090 com motor 1.6 (o Toyota não tem versão 1.0). Não é uma diferença muito grande.
O principal problema, no entanto, não é este. Imagine pagar R$ 60 mil em um carro e não ter central multimídia nem como opcional?
O Polo 1.6 não vem com multimídia de série. Porém, basta adicionar um pacote de R$ 2.670, que eleva a tabela para R$ 58.760, para ter o sistema.
Aliás, não apenas o Polo, a maioria dos hatches compactos à venda no País (mesmo os que não são premium), têm a central multimídia como opcional desde as versões mais simples.
Isso porque, no mercado de hoje, o pacote obrigatório não é mais “ar, direção, vidro e trava”. É ar, direção, vidro, trava e central multimídia. Entre os modelos de entrada, pode-se até dispensar o sistema de entretenimento. Entre os hatches premium, jamais.
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O erro da Toyota do Brasil
O novo Yaris traz central multimídia, é claro. Porém, só a partir do terceiro catálogo do hatch. Isso porque a marca não trabalha com itens opcionais.
No catálogo mais simples, XL 1.3, e no segundo, XL 1.3 CVT (R$ 65.590), há apenas um sistema de som com quatro alto-falantes. As informações que vazaram em uma página do Facebook não oficial da Toyota (oficialmente, elas só serão reveladas na noite desta quinta-feira, 7) mostram que essas opções vêm com controle do som e do celular por botões no volante.
Já a central multimídia, no hatch, está disponível a partir da versão XL 1.5 Pure Tech CVT. Preço? R$ 69.590.
No sedã, ocorre o mesmo. Ele parte de R$ 63.990. O multimídia só vem a partir da terceiro catálogo, que sai por R$ 73.990.
Considero a estratégia da Toyota do Brasil errada. Quem paga R$ 60 mil em um hatch e R$ 70 mil em um sedã faz questão de central multimídia.
De acordo com a Toyota do Brasil, no entanto, o Yaris tem um pacote de acessórios vendido em concessionárias. Entre eles, há a central multimídia que, embora não venha de fábrica, pode ser instalada como acessório nas revendas.
A Toyota informa também que essa central multimídia inclui tela integrada ao painel. No entanto, não revelou o preço do acessório.
Toyota do Brasil vai conseguir vender o Yaris?
Meu palpite inicial, aqui, é que sim. O Yaris vai vender bem. Mas não é um palpite tão confiante, para falar a verdade.
Há duas experiências diferentes na própria Toyota do Brasil, para ajudar vocês a formarem uma opinião. O Corolla sempre vendeu bem. Por anos, foi criticado por não ter ESP, que os rivais ofereciam. ESP que o Yaris já traz de série.
O cliente do Corolla, porém, não parecia se importar com o ESP. Ele continuava comprando o carro, que lidera há anos, com margens, o segmento de sedãs médios. Por quê? Pois, entre outras razões, ele é um Toyota, e a marca tem credibilidade.
Com o Etios, no entanto, a história foi diferente. Ele é um Toyota, e muitos esperavam ansiosamente sua chegada, em 2012. Porém, ele decepcionou.
Apesar de mecânica eficiente e robusta, o Etios foi considerado feio e mal acabado. A Toyota do Brasil não desistiu do produto, e conseguiu salvá-lo. A central multimídia foi primordial nessa missão (leia detalhes aqui).
Vendendo bem ou mal, creio que a central multimídia desde a versão de entrada poderia fazer o Yaris vender mais. Quem faz questão desse item e tem apenas R$ 60 mil, não R$ 70 mil, para investir, vai acabar abandonando a ideia de ter um Toyota e partindo para o Polo, ou outros modelos do segmento.
Minha aposta é que, em alguns meses, a Toyota do Brasil passe a oferecer multimídia desde a versão de entrada. Ou, ao menos, a partir do segundo catálogo.
Nesse caso, o sucesso estrondoso será inevitável. Afinal, estamos falando de uma das marcas mais amadas do País. E de um carro Toyota do Brasil que pode até não ser lindo, mas tem visual bastante agradável.
ATUALIZADO ÀS 14H58 DE 12 DE MAIO
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