O destino deu uma segunda chance ao comerciante Paulo Leide. Fã da Del Rey Belina, ele deixou passar a oportunidade de comprar o modelo das fotos desta reportagem, feito em 1988, há cerca de quatro anos. Mas a perua da Ford acabou cruzando seu caminho novamente e desta vez ele não perdeu a oportunidade de comprá-la.
Leide conta que teve um modelo igual (inclusive do mesmo ano), comprado logo depois que ele se casou. Mas, para conquistar o sonho do apartamento próprio, teve de se desfazer do carro algum tempo depois.
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Em 2013, o comerciante se deparou pela primeira vez com o exemplar desta reportagem. O carro estava em Osasco, na grande São Paulo, e estava à venda por R$ 11 mil.
“Ofereci R$ 5 mil, mas o vendedor baixou o preço pedido para R$ 10 mil. Como só aceitei pagar R$ 9 mil, o negócio não saiu”, lembra Leide. “No dia seguinte, meu filho me convenceu de que não fazia sentido perder o carro por uma diferença tão pequena. Mas ele já havia sido vendido para outra pessoa.”
O comerciante acabou comprando um sedã Del Rey de 1989, que mantém até hoje. “Nesse sentido, ter perdido a Belina foi até bom”, pondera.
No fim do ano passado, Leide encontrou a perua novamente à venda, dessa vez por R$ 15 mil. E fechou negócio sem hesitar. “Era para essa Belina ser minha mesmo. Quando eu a transferi para meu nome, em janeiro, ela estava completando 30 anos. Aproveitei e já providenciei as placas pretas”, conta.
Com 86 mil km rodados, a perua da Ford está totalmente original, da mecânica ao acabamento interno. Tudo o que Leide fez foi restaurar as calotas, que estavam riscadas. Se não fosse assim, talvez ele não teria comprado o carro.
“Sou comerciante e não tenho tempo de sair atrás de peças. Por isso, só compro antigos que estejam prontos. Perde-se muito tempo quando é preciso restaurar”, ele justifica. “Prefiro carros que mantêm a pintura original, mesmo quando ela não é tão bonita quanto uma que foi refeita.”
Rotina
No dia a dia, Leide vai a pé de casa para a Ótica em que trabalha, na região central da capital. Ele conta que nos sábados à tarde, depois que o expediente termina, gosta de lavar a perua e sair para passear e encontrar os amigos.
“Ela é confortável, boa de andar e tem um acabamento maravilhoso”, derrete-se o dono do modelo da Ford. “E é raro encontrar uma Belina dessa cor. Acho muito bonito o contraste do tom bordô da carroceria com os detalhes de alumínio.”
A perua atrai olhares de curiosos, que perguntam onde o comerciante a encontrou e se ele toparia vendê-la. Mas o comerciante não só não pensa nisso, como cogita comprar outra unidade. “Se aparecer mais uma Belina e o preço estiver bom, a gente pode até ver…”
Origem da Del Rey Belina
A Belina surgiu em 1970, derivada da primeira geração do Corcel. A perua recebeu as mesmas atualizações feitas no cupê, que chegou à segunda geração no fim de 1977.
Em 1981, a Ford lançou o Del Rey, que destacava pelo bom acabamento. O três-volumes foi posicionado acima do Corcel e sua variante perua recebeu o nome de Scala.
Após a extinção do Corcel, o nome Belina passou a ser usado na perua derivada do Del Rey, que saiu de linha em 1991. A Royale, sua sucessora, foi lançada no ano seguinte.