Quem precisa de um carro familiar também pode ser fã de esportividade. De olho nesse público, as alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz criaram versões apimentadas de seus utilitários-esportivos médios.
Nessa disputa, a versão M40i da nova geração do X3 (montado no Brasil) desafia o SQ5 e o GLC 43 AMG. O novato da BMW, por R$ 397.950, levou a melhor, por trazer mais equilíbrio entre esportividade e conforto, Ele tem ainda a lista de equipamentos mais completa.
Na segunda colocação ficou o Mercedes-Benz, feito na Alemanha e com preço sugerido de R$ 390.900. Produzido no México e à venda no País por R$ 397.990, o Audi aparece na terceira posição. O GLC 43 se destaca pela esportividade, mas sofre com um interior pouco moderno, apesar do bom acabamento. O SQ5 é o menos esportivo, mas o mais descolado e moderno por dentro.
De série para todos há tração integral e controles de velocidade adaptativo, tração e estabilidade. Há ainda bancos dianteiros com ajuste elétrico, teto panorâmico, central multimídia com integração a Android Auto e Apple CarPlay, modos de condução (econômico, conforto e esportivo), faróis de Full-LEDs e abertura e fechamento elétricos do porta-malas.
Os três modelos têm ainda sistema de som de marcas premium: (Harman Kardon no X3, Burmester no GLC e Bang&Olufsen no SQ5). A mais, o BMW traz sistema de manutenção em faixa e correção da trajetória. O Mercedes é o único com sete air bags, suspensão a ar e um quarto modo de condução (Sport+), que deixa o carro muito arisco.
Diferentemente do X3, ele não oferece alerta de ponto cego, head-up display (que projeta os dados do painel no para-brisa) e nem painel virtual. O Audi tem os últimos dois itens de série. Já o alerta de ponto cego está em um pacote de R$ 12 mil, que inclui também câmera 360° (de série no BMW e no Mercedes).
No quesito seguro, todos têm valores altos. Os de X3 e GLC 43 são cerca de R$ 2 mil mais baixos que o do Audi. Os valores de manutenção não foram considerados para esse comparativo pois BMW e Mercedes-Benz não tem valores fixos para os seus modelos.
O GLC 43 tem o visual mais atraente, com linhas arredondadas e a nova grade diamante. Além disso, é o com estilo mais esportivo. O SQ5 é o que passa mais despercebido, por ter desenho muito generalista, quase idêntico ao dos demais modelos da marca. O X3 tem uma evolução da aparência da antiga geração. É preciso prestar muita atenção para notar as diferenças.
3º SQ5 é moderno por dentro e discreto por fora
Com 354 cv e 50,9 mkgf, o motor 3.0 V6 do SQ5 tem menos potência e torque que os dos rivais. Porém, sua força chega mais cedo (1.350 rpm), o que o ajuda a responder rápido em qualquer situação. O câmbio automático de oito marchas tem trocas rápidas e sem trancos.
Com essas respostas, o carro passa a sensação de ser muito leve. O senão é a falta de uma calibragem mais firme para suspensão e direção no modo esportivo. Mesmo com amortecedores adaptativos, a diferença entre o ajuste confortável e o apimentado é pequena. A carroceria “deita” mais que as dos rivais em curvas.
Se por fora é o mais sem sal, por dentro o Audi é o mais agradável. Não é o mais requintado, mas esbanja modernidade. Os comandos são práticos, com poucos botões, e tudo está à mão. Para acessar os controles no console central são, não é preciso tirar os olhos da pista. O espaço é bom para quatro adultos, mas o túnel central alto atrapalha o ocupante do meio do banco de trás.
2º GLC 43 AMG abre mão do conforto
O GLC tem o motor mais potente. Seu V6 3.0 rende 367 cv e 52 mkgf. Porém, é também o que entrega o torque mais tarde – a 2.500 rpm. Em uma condução mais “familiar”, é o de respostas mais lentas, mesmo trazendo um rápido câmbio automático de nove marchas. A alavanca da transmissão fica na coluna de direção e as mudanças manuais só podem ser feitas pelas aletas atrás do volante.
A suspensão é a menos confortável. Mesmo no modo conforto, ela é dura e faz barulhos ao encarar piso ruim. Já na função esportiva, é a melhor, e traz até ajustes independentes. No Sport+, há muito desconforto em superfícies imperfeitas.
A ergonomia e usabilidade são incômodas. Há muitos botões, pouco intuitivos, no console central. Além disso, o comando do controle de velocidade fica escondido. O painel é o único ainda não virtual (o que o deixa limitado em funções). O espaço interno é bom apenas para quatro adultos, pois o túnel central do SUV é alto.
1º X3 M40i tem o melhor dos dois mundos
O comportamento do X3 M40i é peculiar. O SUV consegue ser um bom esportivo, sem descuidar do seu lado fora de estrada. Dos três, é o mais adaptado ao uso em estradas ruins. A suspensão lida bem com buracos e imperfeições, apesar dos pneus de perfil baixo. Na tocada mais esportiva, segura bem o carro sem deitar a carroceria, mesmo com o fato de o X3 ter centro de gravidade alto.
O propulsor seis-cilindros em linha tem 360 cv e 50,9 mkgf de torque, entregues a 1.520 rpm. As respostas são boas e, no modo esportivo, o BMW é o que tem aceleração mais linear. Suas respostas dependem mais de como o motorista pisa no acelerador – diferentemente do Audi, que é rápido em qualquer situação. O câmbio automático de oito marchas é suave em qualquer condição, sem oferecer trancos na hora das trocas.
Com conforto, o X3 leva apenas quatro adultos, pois também tem túnel central alto. O porta-malas de 450 litros é bom, mas tem 100 l a menos que os dos rivais. O contraponto: só ele tem estepe convencional, que ocupa mais espaço (os dos demais são temporários).
O X3 evoluiu em qualidade do acabamento. Além disso, oferece boa distribuição dos espaços na cabine e facilidade de uso dos comandos. O pênalti é o ajuste manual do volante.
Não foi considerado o item manutenção pois Mercedes e BMW não têm pacotes fechados. No caso do consumo, o do X3 ainda não consta na tabela do Inmetro.
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OPINIÃO: O BMW X3 é o fiel da balança
Nesse trio com pitada esportiva, dois exageram em um dos lados e deixam a desejar no outro. A Mercedes parece ter se esquecido que, mesmo com proposta esportiva, um utilitário precisa entregar certo conforto.
O GLC é perfeito para as bem pavimentadas estradas alemãs. Para as do Brasil, não. Também deixa a desejar no modelo algo imperativo para o segmento: tecnologia e interatividade. A marca já mostrou o que sabe fazer com a MBUX, central multimídia do novo Classe A. Agora, falta colocar esse recurso em seus carros mais sofisticados. No caso do GLC, isso só deve ocorrer na próxima geração do veículo.
Analisando o SQ5, a sensação é de que a Audi ficou com medo de “pesar a mão” na esportividade e só colocou um “motorzão” no SUV. Rodando, o carro balança demais nas curvas e tem tendência a sair de frente.
O BMW, do qual eu esperava o comportamento mais agressivo (por causa do histórico da marca), é o que encontrou a melhor receita para não deixar ninguém descontente com o carro. Foi o fiel da balança. É completo, bem acabado, e tem equilíbrio entre conforto e esportividade.
AGRADECIMENTOS: QUINTA DA CANTAREIRA (11) 4485-2372