Os automáticos vieram para ficar e caíram no gosto do consumidor. Para atender uma faixa maior de clientes que querem esse conforto, estão surgindo novas opções. Uma das recentes é o sedã mais tradicional da Volkswagen, o Voyage.
Assim como o “irmão” Gol, o três-volumes ganhou versão com transmissão automática de seis velocidades. Já o Toyota Etios Sedan passou a trazer uma versão sem pedal de embreagem mais barata, a X.
Aqui, essa nova opção, tabelada em R$ 59.290, enfrenta o VW, que parte de R$ 59.990. Os dois modelos são os sedãs automáticos mais acessíveis do mercado brasileiro.
O Voyage levou a melhor no comparativo. O Volks tem câmbio melhor que o do Etios, além de motor mais potente. Ele superou o Toyota na maioria dos quesitos.
O Etios, no entanto, tem porta-malas maior. Ele também oferece controles de tração e estabilidade e Isofix, equipamentos que o Voyage não tem.
De série, os dois trazem apenas o básico: ar-condicionado, direção com assistência (hidráulica no Voyage, elétrica no Etios) e vidros dianteiros e travas elétricas. A mais, o Toyota traz retrovisores elétricos, ajuste de altura do volante e abertura das portas pela chave. No Volkswagen, esses itens são opcionais e estão no pacote Urban, que custa R$ 3 mil.
A central multimídia do sedã VW custa R$ 2 mil. No Toyota, há sistema de som na versão X Plus, por R$ 63.990. O recurso é mais simples que o do Voyage. Em compensação, há controlador de velocidade no pacote.
Em movimento, o VW se sai melhor. A suspensão é mais firme nas curvas. Na estrada, as respostas diretas da direção agradam mais que as do Etios. Já o sistema do Toyota é mais leve nas manobras.
O câmbio do Voyage consegue extrair mais do motor 1.6 de 120 cv do que do Toyota, que tem quatro marchas (o propulsor é 1.5 de até 117 cv).
Outra vantagem da transmissão do VW é tornar a condução mais silenciosa. No caso do Etios, o motor “berra” em subidas e ultrapassagens, situações em que o 1.5 é exigido e sua rotação fica mais alta.
Etios peca em detalhes
O visual do Voyage, que foi recentemente atualizado, é mais agradável. Os novos faróis, para-choque e grade frontal foram herdados do Gol Track, que saiu de linha. O Etios, apesar das boas mudanças vem recebendo nos últimos anos, continua com um desenho que não é unanimidade.
Por dentro, o baixo custo do projeto do Toyota fica bem evidente. As portas não travam sozinhas. Essa função é oferecida no Voyage (acima de 20 km/h). Além da comodidade, trata-se de uma questão de segurança.
O espaço para quatro adultos é bom em ambos. Há um pouco mais de amplitude para os joelhos no Etios, o que justifica só meio ponto, pois ele é estreito para os ombros. No Toyota, não dá para fazer o ajuste de altura do banco do motorista com a porta fechada (o braço não encaixa no vão). O Volkswagen é um pouco mais largo.
A posição de guiar é melhor no Voyage. Os assentos são mais compridos nas pernas e seguram melhor nas laterais.
Quadro. O posicionamento central do painel de instrumentos do Etios incomoda bastante, mesmo com o mostrador digital introduzido recentemente. Leva tempo para se acostumar com o dados fora do campo de visão à frente.
O painel do VW é simples, mas prático e com boa visibilidade e prático. Isso basta. O Voyage também vai melhor no quesito ergonomia, e tem acabamento interno bom para a categoria. O modelo da Toyota fica devendo em qualidade e também em revestimento acústico.
Opinião
Etios e Voyage sofrem diante de “irmãos” mais modernos
Voyage e Etios são dois carros que estão sofrendo bastante. Nos dois casos, a chegada de “irmãos” mais modernos e bonitos afetou a carreira dos dois veteranos no mercado. As vendas de ambos estão em baixa.
O Voyage sofre por causa da chegada do Virtus, no início do ano. O novo Volkswagen está indo muito bem e, em alguns meses de 2018, já chegou a ser o sedã compacto mais vendido.
O Etios começa a sofrer agora. Agosto foi o primeiro mês cheio de vendas do Yaris Sedan, e o três-volumes mais antigo já sentiu na pele a queda nas vendas. Já ciente de que ocorreria essa canibalização, a Toyota se antecipou e tirou de linha as versões mais caras do veterano.
A sobrevida de ambos em um mercado no qual a aparência faz toda a diferença se dá graças ao bom custo-benefício. Especialmente no caso das versões automáticas, que são as opções mais acessíveis para quem quer um três-volumes desse tipo.
O Toyota tenta convencer o consumidor mais racionalmente, investindo em segurança e porta-malas (que é maior que o do Yaris). O Voyage tenta se garantir com acabamento e desempenho.