Você está lendo...
Ford Landau, uma paixão transmitida de pai para filho
Carro do leitor

Ford Landau, uma paixão transmitida de pai para filho

Exemplar de 1982, parte da última safra do sedã Ford Landau, descontinuado em 1983, é preservado intacto pelo engenheiro Nelson Ott

Thiago Lasco

26 de mai, 2019 · 6 minutos de leitura.

Publicidade

Ford Landau
O Ford Landau de Nelson Ott tem apenas 42 mil km rodados
Crédito:Felipe Rau/Estadão

O engenheiro Nelson Ott seguiu um caminho muito parecido com o do pai. Herdou dele o gosto pelo ofício, a paixão por carros antigos e a admiração pela Ford, montadora em que os dois trabalharam em épocas diferentes. O legado dessa relação tão especial é o Landau 1982 desta reportagem.

INSCREVA-SE NO CANAL DO JORNAL DO CARRO NO YOU TUBE

“Meu pai trabalhou a vida inteira para a Ford: primeiro em uma concessionária, depois em diversas fábricas e em um escritório regional”, conta. “Ele era amigo de um engenheiro de lá que, a cada ano, tirava um Landau novo da fábrica.”

Publicidade


O último exemplar dessa sequência de sedãs – parte da safra derradeira do modelo, que saiu de cena em abril de 1983 – passou para as mãos do pai de Ott em 1990, com apenas 20 mil km rodados. “O amigo ficou com pouco espaço na garagem e vendeu o Landau para o meu pai porque sabia que ele cuidaria bem do carro”, lembra o engenheiro.

Dito e feito. O Ford teve o viço preservado pelos dois engenheiros ao longo de mais de três décadas. E sem grandes sobressaltos, a não ser um problema pontual no alternador. Uma boa limpeza no carburador e a manutenção básica de sempre são tudo o que o sedã precisa para continuar na labuta.

+ Leia outras matérias sobre antigos na seção Carro do Leitor


Com 42 mil km no odômetro, o sedã sai da garagem semanalmente e atrai uma saraivada de cliques de curiosos com seus celulares. “Os entendidos reconhecem que meu carro está impecável. Acabamento, estofados e pintura são originais”, orgulha-se o proprietário.

Mas é o rodar macio a virtude mais apreciada por Ott. “A suspensão do Landau é uma obra de arte. O carro até inclina, mas não desgarra da pista. Toda a minha família já dormiu dentro do Ford em viagens, de tão confortável que ele é.”

Apesar do alto grau de originalidade, o sedã não exibe placas pretas. O pai de Ott, morto em 2013, chegou a iniciar o procedimento, mas o filho não teve interesse em concluí-lo. “Placa preta virou um negócio”, ele desdenha.


Isso não significa que falte ao engenheiro amor pelo Landau. Ele inclusive participou da elaboração de um livro dedicado ao modelo, a convite de um amigo gaúcho. “O Landau é parte da história da minha família e do antigomobilismo”, define. “Ele tem um pouco de todos nós”.

Galaxie e Landau foram sinônimo de luxo

Revelado no Salão do Automóvel de São Paulo de 1966 e lançado em 1967, o Galaxie 500 foi o primeiro carro de passeio fabricado pela Ford no Brasil. Ele se baseava na terceira geração do Galaxie norte-americano, que foi vendida entre 1965 e 1968.

Com amplo espaço para seis pessoas em dois bancos inteiriços, rodar macio e motor silencioso, o modelo rapidamente conquistou sua reputação de carro de luxo.


O primeiro motor, um V8 de 4,5 litros e 164 cv, deu lugar a um 4.8 de 190 cv em 1969, com o lançamento da configuração LTD, mais sofisticada. No ano seguinte, a gama ganhou uma versão básica, sem rádio, direção hidráulica ou ventilador, para concorrer com o Chevrolet Opala.

Em 1971, surgiu o Landau, a variante mais requintada da linha, com teto de vinil, cabine revestida de veludo, vigia traseiro menor e bancos de couro ou cetim.

Em 1976, a linha foi reestilizada e ganhou frente com quatro faróis na horizontal, além de motor 5.0 de 199 cv. Dois anos depois, com o fim do Galaxie 500, apenas o Landau e o LTD permaneceram em produção, com melhorias como ignição eletrônica e, a partir de 1980, uma opção movida a etanol.


LTD e Landau saíram de cena em 1982 e 1983, respectivamente. A linha inteira somou pouco menos de 80 mil unidades fabricadas.

Deixe sua opinião