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Renault Zoe: economizar custa caro
Avaliação

Renault Zoe: economizar custa caro

Um carro elétrico como o Renault Zoe custa a partir de R$ 149.990, mas, apesar do preço, fica devendo em conforto

Hairton Ponciano Voz

27 de ago, 2019 · 8 minutos de leitura.

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Renault Zoe
Renault Zoe tem porte de hatch médio (4,08 m de comprimento), mas é alto (1,56 m). Estilo é o mesmo desde 2012
Crédito:Renault/Divulgação

O banco do motorista não tem regulagem de altura. Os ajustes (longitudinal e de encosto) são manuais. Os espelhos dos para-sóis não vêm com iluminação, e o porta-luvas, quando aberto, cai de uma vez, nas pernas do passageiro. Estamos no Renault Zoe, o carro elétrico mais barato à venda no Brasil. Para não gastar mais dinheiro em posto de combustível, porém, é preciso pagar R$ 149.990. O modelo está disponível em duas cores: branco e preto. E, embora tenha estreado este ano no Brasil, está à venda na Europa desde 2012.

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Com essa quantia, é possível comprar, por exemplo, o Jeep Renegade mais caro, o Trailhawk a diesel 4x4 completo. Ok, quem pretende adquirir um carro elétrico provavelmente não está considerando levar para casa um modelo movido a combustível fóssil. Mas então prepare-se para uma vida a bordo mais frugal. Ah, e também reserve uns extras para comprar o cabo de carregamento. O item (que permite carregar o veículo no trabalho ou em casa) é considerado acessório. É como um celular que viesse sem cabo de carga.

A Renault informa que o carregador de parede custa a partir de R$ 6.800. Mas não divulgou o preço do cabo.


Felizmente, o Zoe de testes chegou ao Jornal do Carro com a bateria praticamente "cheia", o que nos dava uma autonomia de cerca de 270 km, mostrada no painel digital, de TFT. Como em todo carro elétrico, a ausência de barulho de motor a combustão é uma bênção. Nesse caso, você começa a perceber outros barulhos, como o da seta (um "tec-tec" totalmente diferente dos demais veículos). Pelo som, é possível também identificar claramente quando o veículo está gastando energia e quando está recuperando força para as baterias.

Isso ocorre em caso de desaceleração e frenagem. O barulho é diferente em cada regime de operação. E tudo isso pode ser acompanhado no quadro à frente do volante, ou mesmo na tela da central multimídia (7"). As setas indicativas (da bateria para o motor ou vice-versa) vão se sucedendo nas imagens, conforme o motorista pisa no acelerador ou freia. Ainda no quesito som, o Zoe vem com sistema de áudio da Bose.


Prepare-se para buzinar mais

Por causa do silêncio, o manual que acompanha o veículo recomenda o uso da buzina, para alertar pedestres. Assim, buzinar mais frequentemente faz parte das ações que o motorista deve tomar ao volante de um carro elétrico.

Também como em qualquer veículo elétrico, a aceleração é imediata, sem nenhum delay. A velocidade vai crescendo de forma linear, graças ao câmbio automático de uma marcha. A Renault divulga 0 a 100 km/h em 13,2 segundos. Mas o fôlego é limitado. Se estiver no modo Eco, a máxima é 95 km/h. Caso contrário, vai até 135 km/h.

O motor tem 92 cv, entre 3.000 e 11.300 rpm. O torque é de 22,4 mkgf a partir de 250 rpm, e vai assim até os 2.500 rpm.


Da mesma forma como na aceleração, a frenagem também é peculiar. O pedal é sensível e responde muito rapidamente, o que dificulta bastante a modulação da frenagem.

Nas descidas, é sempre legal ver que a autonomia vai subindo. Ou seja, você vai "ganhando" carga. O problema é que, no sentido inverso, ou seja, nas subidas, a energia também vai embora mais rapidamente. Com isso, em três dias de uso e cerca de 140 km rodados, a autonomia já havia baixado para cerca de 85 km. E a gente sem cabo para recarregar!


O controlador automático de velocidade tem a mesma disposição de botões de outros carros da marca, como o Sandero: as teclas de ajuste da velocidade ficam no volante, mas a chave que aciona o dispositivo está no console central.

Assoalho alto atrás

Outra característica do Zoe é o assoalho alto no banco traseiro. E nisso ele se assemelha a outro elétrico bem mais caro que ele, o Jaguar I-Pace (R$ 437 mil). A razão é que as baterias ficam alojadas ali embaixo. Por causa disso, as pernas tendem a ficar um pouco erguidas, e sem o apoio ideal no assento (problema que tende a se agravar, quanto mais alto for o passageiro).


Pelo mesmo motivo, o espaço para cabeça também é menor, e pode ser um problema para ocupantes mais altos. Para viajar com algum conforto, o banco de trás deve levar somente duas pessoas. Três ocupantes ali vão se apertar. O hatch tem 4,08 m de comprimento, 2,59 m de entre-eixos e 1,56 m de altura. Pesa 1.480 kg.

Prós e contras

Prós: Desempenho

Basta pisar no acelerador para a gente começar a gostar de carro elétrico. As respostas são imediatas. O carro mostra disposição e faz seu trabalho em silêncio quase total.


Contras: Preço

Sem uma política de incentivo governamental, infelizmente não dá para pensar em ter um elétrico. Não basta o cliente querer ser "verde" e pagar a conta sozinho. Governos (federal e estadual) e montadoras têm de ajudar.

Ficha técnica

Motor elétrico (cv): 92 de 3.000 a 11.300 rpm


Torque (mkgf): 22,4 de 250 a 2.500 rpm

Câmbio: Automático, 1 marcha

Bateria: 400 Volts, 41 kWh, íons de lítio


Autonomia: 240 km (ciclo NEDC)

115 a 170 km (ciclo semiurbano)

0 a 100 km/h: 13,2 segundos


Peso: 1.480 kg

Comprimento: 4,08 m

Largura: 1,73 m (com retrovisores)


Altura: 1,56 m

Entre-eixos: 2,59 m

Fonte: Renault


Atualizada às 15:05

 

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