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SUV, crossover, CUV ou aventureiro?
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SUV, crossover, CUV ou aventureiro?

Afinal, o que define um SUV, e em que ele é diferente de um crossover ou um aventureiro? Conheça as diferenças entre os estilos

Igor Macário

10 de abr, 2020 · 10 minutos de leitura.

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jeep cherokee
Jeep Cherokee foi lançado em 1984, e é considerado o primeiro SUV da era moderna
Crédito:Pascal Volery/REUTERS

Atualmente, mais da metade dos carros vendidos no mundo é classificada como SUV. Mas boa parte não faz jus à sigla, que pode ser traduzida como veículo utilitário-esportivo. SUVs, crossovers e aventureiros têm características únicas, nem sempre conhecidas da maioria dos consumidores.

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Os utilitários-esportivos de verdade combinam elementos de carros de passeio e off-road. A linhagem foi iniciada pelo Jeep Cherokee nos anos 80.

Mas a definição absoluta pode ser um tanto confusa. Em tese os SUVs devem ter carroceria montada sobre a plataforma de picapes, ou, pelo menos, ter chassi sobre longarina.


Essa arquitetura, aliás, é cada vez menos utilizada atualmente. Está sobretudo em modelos americanos de grande porte, como o Chevrolet Suburban.

Há marcas que chamam de SUV qualquer veículo com alguma capacidade para enfrentar o fora de estrada. No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) determina que, para ser considerado como um SUV, o carro precisa ter pelo menos quatro de cinco características.

SUVs têm especificações próprias

São elas: ao menos 200 milímetros de altura livre do solo entre os eixos, distância do solo abaixo dos eixos de ao menos 180 mm, ângulo de ataque a partir de 23°, ângulo de saída de 20° ou mais e ângulo de transposição de obstáculos de 10° ou mais. Como não há regras acerca do tipo de motor e tração, modelos como o Renault Kwid são classificados como SUV.


No Brasil, a imagem de SUV ainda é ligada a alguma capacidade para fora de estrada. Mesmo no caso de modelos sem opção de tração 4×4.

Um dos primeiros SUVs modernos lançados no País foi a Chevrolet Blazer, de 1995. Era baseada na picape S10 e tinha origem em carros americanos. Apesar de ter boa distância livre do solo e jeitão de jipe, a Blazer só ganhou versão 4×4 anos depois do lançamento.

SUVs, CUVs e afins

Abaixo dos SUVs existem ainda os CUVs (crossover utilitiy vehicles). Eles representam um cruzamento de tipos de carroceria, e normalmente designam a mistura de carros de passeio com utilitários. Em geral, têm pouca ou nenhuma aptidão para o off-road. Na maioria, a tração é dianteira.


Os CUVs são crossovers que utilizam a plataforma de carros pequenos. Em geral, têm visual moderno, apelo urbano e são voltados ao uso familiar. Um dos próximos a chegar será o Volkswagen Nivus, neste ano.

Os crossovers fazem tanto sucesso que derrubaram as vendas de minivans nos Estados Unidos e decretaram o fim do segmento no Brasil. A favor, oferecem versatilidade e espaço próximo ao das vans – e com menos estigma de “carro de família”. Entre os exemplos estão o Nissan Murano (abaixo) e o Ford Edge.


Os aventureiros estão em um degrau abaixo dos crossovers. São apenas versões com visual off-road de modelos conhecidos.

No Brasil, o pioneiro foi a Fiat Palio Adventure, de 1999. Trata-se de uma versão da perua Palio Weekend, mas com suspensão elevada, pneus de uso misto e adereços como quebra-mato e apliques nos para-lamas. O carro fez história e criou uma das tendências mais duradouras do mercado nacional.

Desde então, praticamente todas as marcas lançaram modelos aventureiros. Houve até carros improváveis, como o furgovan Fiat Doblò, que também teve versão Adventure.


Esses modelos até são ligeiramente melhores que seus pares “civis” em estradinhas de terra, mas não têm itens como tração 4×4. Para tentar aumentar a capacidade off-road da linha Adventure, a Fiat lançou o Locker, um bloqueio eletrônico do diferencial no eixo dianteiro.



Os aventureiros da marca italiana são os únicos do segmento a oferecer um sistema desse tipo. No mais, a maioria dos modelos do segmento sequer tem pneus de uso misto.

Rural, a mãe de todos os SUVs

Figura inconfundível nas ruas e estradas do Brasil, onde foi produzida de 1958 a 1977, a Rural Willys faz parte de uma linhagem de modelos lançada nos Estados Unidos em 1946. O modelo fez história e parte da vida de muitos brasileiros, que viajaram com a família, foram à escola e trabalharam, na cidade e no campo, a bordo de uma Rural.


O carro surgiu com o nome de Jeep Station Wagon e era feito no País pela Willys Overland, que detinha a marca Jeep. Na época, após a Segunda Guerra, a Willys não produzia suas próprias carrocerias e estava em dificuldades financeiras.

Por isso, o modelo criado pelo designer industrial Brooks Stevens era feito de chapas de metal simples. Isso permitia que a carroceria fosse montada por qualquer tipo de estamparia, como as que faziam partes para aplicações domésticas.


Além de serem fáceis de construir, essas partes eram mais duráveis do que as de madeira, utilizadas nas laterais das station wagons da época, por causa do esforço de guerra. A “Rural” norte-americana ainda foi o primeiro carro da Willys com suspensão dianteira independente.

Em 1949, a marca lançou nos Estados Unidos a versão com tração nas quatro rodas. A variante com tração traseira era chamada de Station Wagon, enquanto a 4×4 foi batizada de Utility Wagon. O modelo é considerado o primeiro SUV (utilitário-esportivo) da história.

A versão com tração integral combinava o bom espaço interno e a versatilidade de peruas com a capacidade off-road que já era marca registrada da Jeep. Tanto que, nos Estados Unidos, o sucessor da Rural foi o Jeep Wagoneer, com apelo bem mais familiar e itens de luxo como ar-condicionado, câmbio automático e vidros elétricos.


A produção da Jeep Station Wagon foi encerrada em 1964. Isso ocorreu um ano depois do lançamento do Wagoneer.

No Brasil, Rural começou a ser feita em 1958

A história da Rural no Brasil é longa. O modelo começou a ser produzido em 1958 pela filial brasileira da Willys Overland. Nos anos 70, o carro passou a ser feito pela Ford, que comprou a operação da Willys.

A Rural teve três opções de motor durante todo seu ciclo de produção. O primeiro foi um seis-cilindros de 2,6 litros, que depois foi ampliado para 3.0.


Em 1975, o modelo ganhou motor Ford, de 2,3 litros. A potência era de cerca de 90 cv.

Desde 1961, a linha era composta por uma versão picape, amplamente utilizada pelo Exército Brasileiro. Essa opção foi mantida em produção após o fim da configuração familiar, em 1977. Batizada de Ford F-75, foi montada até 1983.

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