Você está lendo...
Falta de chips para carros novos deve durar até 2023, dizem especialistas
Mercado

Falta de chips para carros novos deve durar até 2023, dizem especialistas

Mesmo com esforços, crise dos microchips seguirá ao longo de 2022. Estima-se uma perda de R$ 319 bi na indústria só em 2021

Emily Nery, para o Jornal do Carro

18 de mai, 2021 · 6 minutos de leitura.

Publicidade

Semicondutores são peças necessárias para o funcionamento de todo o sistema eletrônico de um veículo
Semicondutores são peças necessárias para o funcionamento de todo o sistema eletrônico de um veículo
Crédito:Reprodução/Reuters

No fim de 2020, as indústrias automobilística e de tecnologia foram atingidas por uma crise sem precedentes. Por causa da pandemia da Covid-19, que paralisou fábricas em todo o planeta, começaram a faltar semicondutores, os chamados chips. Porém, a previsão não é das mais otimistas. É possível que essa escassez dure, ao menos, até 2023.

Há pouco tempo, a GM precisou interromper a linha de produção do Onix e Onix Plus na fábrica de Gravataí (RS) por falta de microchips para os carros. Acontece que esta é a tendência para as indústrias em geral: terem um abastecimento irregular ou em menor quantidade dessas peças.

Sobre isso, Glenn O'Donnel, vice-presidente da empresa de análise de mercado, Forrester, afirmou que a insuficiência do componente vai durar até 2023. "Porque a demanda seguirá em alta, e o abastecimento restrito. Assim, esperamos que a escassez dure ao longo de 2022 e 2023", disse.

Publicidade


Fábrica GM Gravataí crise
Linha de montagem da fábrica da GM em Gravataí, no Rio Grande do Sul GM/Divulgação

Tendências por áreas

Glenn espera que a procura por computadores, que necessitam de semicondutores mais avançados, irá "diminuir levemente". Já a procura destes produtos em data centers deverá crescer.

Em entrevista à rede CNBC, Patrick Armstrong, CEO da Plurimi Investment Managers, ressaltou que a crise deve durar, ao menos, 18 meses. Ainda ponderou que não se trata só da indústria de veículos. "São celulares, é a internet das coisas. Há muitos mais produtos hoje com chips do que no passado", aponta o executivo.


Contudo, como já havíamos antecipado no Jornal do Carro, a indústria automobilística é a que mais foi afetada por essa crise de abastecimento de semicondutores. Embora a TSMC, maior empresa de chips do mundo, tenha afirmado que vai regularizar a entrega ao setor até junho, Patrick Armstrong não acredita que a companhia cumprirá a data.

Volvo C40 Recharge
Dependendo do nível da tecnologia, os carros atuais precisam de centenas de semicondutores para todo o sistema eletrônico Volvo/Divulgação

Muita procura, pouca demanda: preço mais alto

Outra consequência que virá a curto prazo para o bolso do consumidor será, portanto, o preço mais alto do produto. No caso do setor automotivo, a fabricante pagará mais caro para obter os semicondutores, bem como precisará arcar com a despesa da interrupção da produção. Dessa forma, a expectativa é de que os preços dos veículos, assim, subam rapidamente.


Além disso, essa falta de microchips prejudica diretamente a retomada das vendas da indústria, que foi amplamente afetada pela pandemia.

Brasil importa quase todos os semicondutores

Em entrevista à CNN, a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) revelou que 90% dos semicondutores no Brasil vem do exterior. Ou seja, os maiores fabricantes deste produtos estão bem distantes daqui: estão em Taiwan e na Coreia do Sul.


O Jornal do Carro está no Youtube

Inscreva-se

Intel terá fábrica de chips

Nesse sentido, a Intel anunciou que gastará mais de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 105,4 bi na conversão direta) para construir duas fábricas de semicondutores no Arizona (EUA).

Por isso, o presidente dos EUA, Joe Biden, junto com a recém-formada Aliança Pro Semicondutores, pediu ao congresso norte-americano a aprovação de US$ 50 bilhões (R$ 263,6 bi) para construir cadeias adicionais de abastecimento. O problema é que a unidade vai levar cerca de dois a três anos para, então, começar a operar.

Em entrevista também à rede CNBC, Alan Priestley, chefe da consultoria Gartner, informou que essa mudança será benéfica para os próximos meses, mas não aliviará a demanda atual. Para outra consultoria, a Alix Partners, essa longa crise causará uma perda de US$ 60,6 bilhões (cerca de R$ 319 milhões) para a indústria de carros. Isto somente em 2021.




Deixe sua opinião