10 principais dúvidas do motorista ao abastecer com gasolina

Motorista brasileiro é tão desinformado sobre combustíveis que, às vezes, nem sabe qual o ideal para seu carro

Qualidade da gasolina será melhor, com reflexo direto na economia do veículo e na redução das emissões Crédito: Milton Michida/Estadão

Motorista brasileiro é tão desinformado sobre combustíveis que, às vezes, nem sabe qual o ideal para seu carro. Vou responder as 10 perguntas que recebo com maior frequência sobre a gasolina brasileira.

1. Para quê gasolina aditivada?

É tão importante que, em alguns países, toda ela é aditivada. Porque a gasolina tem um elevado teor de carbono, que provoca formação de depósitos (na cabeça do pistão) quando ocorre a combustão.

Os aditivos dispersantes e detergentes evitam estes depósitos carboníferos que, com o tempo, irão prejudicar a combustão (pré-ignição), o desempenho e aumentar o consumo e as emissões. Motorista que não tem confiança no posto, pode abastecer com a gasolina comum e ele mesmo aditivá-la, seguindo as instruções no frasco.

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2. Dinheiro no lixo?

A desinformação é total: corre até a “informação” de que abastecer com gasolina premium (BR Podium ou Shell V-Power Racing, por exemplo) é jogar dinheiro pelo escapamento.

Só é verdade no caso de motores com baixa taxa de compressão, maioria dos nossos carros. Ela não muda em nada seu desempenho. Mas não é verdade no caso dos importados mais sofisticados ou esportivos. Seus motores só oferecem toda sua potência com gasolina de maior octanagem.

Em resumo, motores normais não precisam da premium. Motores especiais foram projetados para ela, mas podem usar a comum vendida no Brasil.


3. Qual gasolina evitar?

Muitos não acreditam, mas a qualidade da nossa gasolina permite que qualquer uma seja utilizada em qualquer motor. Sua octanagem é tão elevada em relação aos outros países, que mesmo um carro importado e sofisticado pode ser abastecido com a “comum’, mesmo que a fábrica recomende a Super (ou premium). O motor pode perder alguns cavalos, mas sem correr riscos.

Evitar mesmo, só as mais baratas, pela possibilidade de adulteração.

4. Querosene limpa o motor?

Até hoje ainda chegam perguntas na redação sobre a adição de querosene na gasolina para “limpar” o motor. Ele poderá é limpar o seu bolso, pois tem baixíssima octanagem. Se alguns postos contam com bombas de querosene é por ser recomendado – em algumas situações – no motor diesel. Principalmente para facilitar seu acionamento nas temperaturas mais baixas.


5 . Aditivar a premium?

Muitos ficam em dúvida no posto pois a palavra “aditivada” está na bomba para diferenciá-la da gasolina comum. Mas, a palavra não aparece nas bombas da premium. Porém, todas as gasolinas premium são aditivadas.

6. Gasolina ‘limpa’?

Não, essa ainda não está disponível, pois todas as gasolinas comercializadas no mundo contem um alto teor de carbono. A “limpa” ainda está sendo desenvolvida pela Porsche com a Siemens Energia e outros parceiros. Só começa a ser produzida – em pequena escala  – no próximo ano – no Chile.

7. Gasolina formulada ou refinada?

Existe uma briga no mercado entre os postos chamados “Bandeira Branca” e os de marcas mais tradicionais e conhecidas como BR, Shell (Raízen), Ipiranga, Ale, etc. Estes até anunciam “não vendemos gasolina formulada”, alusão aos Bandeira Branca e insinuando que oferecem produto de melhor qualidade.


Não é verdade, principalmente a partir do ano passado, quando a ANP passou a exigir densidade mínima da gasolina. Formuladas todas são, até as refinadas. O que interessa é a honestidade do dono do posto ou da distribuidora, de adulterar ou não seu produto.

8. Por quê carro importado consome mais?

Quem dirige um automóvel no exterior (ou examina sua ficha técnica no país de origem) e no Brasil percebe que o consumo de combustível aqui é superior. Ele é maior, de fato, pelo elevado percentual de etanol, que pode chegar a 28% (sem adulteração).

Num carro com motor a álcool (ou flex), seu menor poder energético é compensado pela maior taxa de compressão. Mas, no motor a gasolina, a adição de etanol realmente aumenta o consumo.


9. Gasolina brasileira: pior ou melhor?

O tradicional “complexo de vira-lata” leva muitos a afirmarem que nossa gasolina é uma das piores do mundo. Mas, ao contrário, ela está entre as melhores, pelo menos quando deixa a refinaria. Se estiver adulterada, o assunto não é mais técnico, é de polícia.

A gasolina brasileira tem elevada octanagem, entre as maiores do mundo. Quanto à densidade, ela hoje não deixa mais a desejar em nível internacional, desde que a ANP passou a exigir, no ano passado, o mínimo de 715 g/kg.

10. Tem validade?

Sim, gasolina não é eterna e dura muito menos… que remédio. Dizem os especialistas que seu prazo médio de validade é de 60 a 90 dias. Depois, perde suas características físico-químicas originais. A gasolina premium, por ter outra composição, tem durabilidade superior a 180 dias, por isso é recomendada para os tanquinhos de partida a frio nos carros flex.


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