Balanço geral da nova gasolina brasileira: presta ou não presta?

É só comentar sobre nossa (ótima) gasolina que vem logo a crítica da turma “do contra”. Sem ter ideia do que fala

Gasolina Crédito: Agência Brasil

É só comentar sobre nossa (ótima) gasolina brasileira que vem logo a crítica da turma “do contra”. Sem ter ideia do que fala. Vou esclarecer alguns pontos.

Entre as melhores do mundo?

Sem dúvida. Antes mesmo das novas regras estabelecidas  pela ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis), já tínhamos uma gasolina de excelente qualidade. Mas ficava devendo a densidade mínima, que deverá ser de 715 g/litro obrigatoriamente a partir de novembro (diz a Petrobras que a dela já era).

A octanagem está entre as melhores do mundo (RON 103 na Podium da BR e Octapro da Ipiranga, RON 93 na comum). E seu teor de enxofre foi reduzido (2014) de 200 para 50 ppm.

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Sua desvantagem em relação às do países desenvolvidos é conter 27% de etanol (25% nas do tipo Premium), que faz cair seu valor energético. Porém, o maior problema ainda é a ineficiência de fiscalização: sai das refinarias com padrão internacional mas a adulteração faz baixar sua qualidade na bomba.

A octanagem está entre as melhores do mundo (RON 103 na Podium da BR e Octapro da Ipiranga, RON 93 na comum). E seu teor de enxofre foi reduzido (2014) de 200 para 50 ppm.

Sua desvantagem em relação às do países desenvolvidos é conter 27% de etanol (25% nas do tipo Premium), que faz cair seu valor energético. Porém, o maior problema ainda é a ineficiência de fiscalização: sai das refinarias com padrão internacional mas a adulteração faz baixar sua qualidade na bomba.


Mas o etanol traz vantagens:  se, por um lado, reduz o valor energético, por outro aumenta a octanagem, e também a eficiência dos motores.

Problema: adulteração

Nosso combustível sofre com a desonestidade praticada em larga escala quase impunemente e até com tecnologia sofisticada. A gasolina é adulterada, ou com solventes, ou com etanol além do estipulado. Além disso, tem posto que também burla o volume entregue.

O álcool também é vítima, batizado com água em percentual acima dos 8% estabelecidos. Já vi, na Bosch (Campinas), bomba e bicos danificados por água do mar adicionada ao etanol hidratado!


Parte da culpa dos próprios motoristas que não exigem, como deveriam, os testes presenciais no posto, que determinam qualidade (e quantidade) do combustível.

Mais cara do mundo?

Longe disso: o litro de nossa gasolina custa, em média, 0,75 do dólar. Existem mais baratas, sem dúvida. Mas várias outras muito mais caras no México, Cuba, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Mônaco, Islândia. A mais cara do mundo está em Hong Kong: quase U$ 2 o litro. A nossa poderia ser bem mais barata, não fossem nossos impostos.

E a aditivação?

Ficou na intenção…


A ANP bem que tentou, com uma resolução que deveria vigorar em janeiro de 2014, a aditivação de toda nossa gasolina. Adiou para julho de 2015, mas acabou desistindo da ideia por absoluta falta de entendimento entre Petrobras e distribuidoras.

Aumenta o consumo

Afirmar que o motor a gasolina no Brasil supera o consumo em outros países é meia-verdade. O motor bebe um pouco mais devido aos 27% do etanol. Porém, muitos ignoram que a gasolina pode, por desonestidade, conter percentuais de etanol muito maiores que os 27%, o que aumenta o consumo.

Quem determina o percentual de etanol?

A ANP é acusada de determinar os elevados percentuais de etanol na gasolina. Não é decisão dela, mas do governo. Muito mais política que técnica: a mistura subiu para 27% durante o primeiro mandato de Dilma Roussef, que cedeu à pressão dos usineiros.


Octanagem não ‘subiu’ de 87 para 92

Motoristas suspeitam não ter havido aumento de octanagem de 87 para 92, conforme anunciado, pois não perceberam mudança no desempenho do motor. Mas é porque não aumentou mesmo: a octanagem era definida pelo IAD (média entre os sistemas RON e MON), o mesmo usado nos EUA.

A ANP mudou para o sistema RON (como na Europa). Então, permaneceu a mesma pois IAD 87 é o mesmo que RON 92. Aliás, diz a Petrobras que já fornecia gasolina RON 93 (que só será exigida a partir de 2022) antes mesmo das novas regras.

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