Deputado insano quer permitir importação de carros usados

Projeto de lei surrealista que está circulando na Câmara dos Deputados transformaria o Brasil num sucatão internacional de automóveis

deputado-proposta-de-importacao Crédito: Ernani Abrahão | AutoPapapo

Mais um projeto de lei estapafúrdio para o festival de besteiras legislativas automobilísticas. A lista não é pequena e já teve até deputado federal sugerindo demarcar área para pista de pouso de discos voadores no Mato Grosso do Sul.

A última insanidade foi no mês passado, quando o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) solicitou a volta dos motores diesel nos automóveis. Exatamente quando está em decadência em todo o mundo e com proibição de circulação programada em diversas capitais europeias.

Confira também a opinião do Boris em vídeo (clique aqui).

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A última manifestação prosaica foi o projeto de lei (PL 237/2020) apresentado por seu colega Marcelo van Hattem (Novo-RS) para legalizar a importação de carros usados. Apresentado em fevereiro de 2020, passou na semana passada pela primeira audiência pública na Câmara dos Deputados.

O projeto permitiria a qualquer pessoa física ou jurídica importar um carro usado, hoje restrito aos colecionáveis, com mais de 30 anos de fabricação.


No PL do deputado van Hattem, a única restrição prevista é o nível de emissões de poluentes que deveria respeitar a legislação do país. E regulamenta a tributação desses carros, limitada aos mesmos percentuais que incidem sobre veículos similares aqui produzidos.

No decorrer da audiência, representantes do setor foram duramente contrários ao projeto, pela impossibilidade de enquadrar os veículos nas leis vigentes e por transformar o Brasil num sucatão internacional de automóveis.

Dúvidas do PL

Talvez o parlamentar não tenha conhecimento como funciona  importação de usados para o Peru, Paraguai e Bolívia. Os carros são provenientes – em sua maioria – de países asiáticos:


–  com o volante à direita, e de conversão para a esquerda de elevado custo caso atenda a procedimentos mínimos de segurança. Muitos deles passam por um inacreditável e grotesco processo de conversão do volante e pedaleira para a esquerda, às vezes deixando o painel de instrumentos no lado direito. Pedais são conectados ao lado direito por roldanas, corrente e cabos.

Efeito contrário

Como já foram descartados na origem, custam muito barato, cerca de U$ 500. Apesar do frete estar por volta de U$ 1.000, ainda assim são vendidos por U$ 2.000. No Paraguai, existe um limite de 10 anos de fabricação, enquanto Peru e Bolívia estabeleceram cinco anos. Estas importações cresceram significativamente nos últimos dez anos e fizeram despencar as vendas dos carros novos

Esta permissão iria gerar desemprego nas fábricas e na contramão do que se deseja para nossa frota: eliminar os “cacarecos” que poluem, atentam contra a segurança e provocam congestionamentos com suas frequentes panes.


São poucas as chances deste PL continuar caminhando em Brasília. Mas, como tudo é possível nesse país dos absurdos, ele pelo menos ainda deverá passar por outras duas comissões na Câmara e submetido também a aprovação do Senado. Para ser então sancionado pela presidência da República.

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