Sem coronavírus, sob o céu azul do outono

Do limão uma limonada? Tire o carro da garagem e curta um prazer a que raramente se pode dar ao luxo. Sem pressa, destino nem… risco de contaminação

alfa_romeo_spider_1972_amarela-ceu-azul-autopapo Crédito: AutoPapo

Tenho mais de 60 anos e passei recentemente por problemas respiratórios, sinal de que meu pulmão ainda está debilitado. Em resumo, eu que me cuide, pois sou candidato a problema grave nestes dias virais…

Confinado em casa há duas semanas, gravo aqui meus programas de rádio, escrevo esta coluna semanal e outras matérias para o portal. Estou tirando o atraso da pilha de livros e até tentei (mas já desisti) organizar meu escritório.

Minha mulher, psicóloga, fechou o consultório e passou a atender online. Na minha casa, pois abandonou seu apartamento na cidade e veio “quarentenar” comigo. Mais agradável, pois moro num condomínio a 20 km da cidade, no campo, silencioso e com uma vista de tirar o fôlego.

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A Filarmônica de Berlim deu uma mãozinha e tanto ao liberar gratuitamente por 30 dias seu site com as gravações de seus concertos (digitalconcerthall.com). E mais uma boa novidade do nosso jornalismo eletrônico, a estreia do CNN Brasil (77 ou 577).

Outro dia, conversando com minha mulher, surgiu a ideia de um passeio de automóvel para furar o “cerco” do vírus. Moro em casa, sem botão de elevador para apertar, portão para abrir, nem o risco de alguém ter contaminado qualquer das maçanetas.

Como não faço ideia do tempo que vai ficar parado na garagem, até gostei de sair para uma voltinha, boa oportunidade para acordar o pequeno italiano conversível com quase 50 anos de idade.


Saímos do condomínio no meio da tarde e apontei para o lado contrário da cidade. Além do bom asfalto, movimento naturalmente reduzido, temperatura agradável de fim de verão, céu de um azul quase irritante…

De repente, além da supercompanheira, bela paisagem de montanhas, verdes e clima, senti um enorme prazer ao volante. Não, não estou delirando. Vivi toda minha vida ligado ao automóvel, fui engenheiro de uma fábrica de autopeças por 20 anos, sou jornalista há mais de 50, ousei várias corridas em pistas e em ralis. Participei de provas de carros antigos em diversos países e coleciono alguns.

Claro que sempre tive prazer ao volante de qualquer carro (até, vá lá, dos elétricos), o que é muito bom, pois devo – profissionalmente – avaliar dezenas deles.


Mas rara a oportunidade de dirigir despreocupado, sem pressa, horário nem destino (quem viu “Easy Rider”?). Nem os radares me incomodaram pois não passei dos 100. Não precisava de mais que o bom motorzinho 2.0 de cento e poucos cavalos, pois eu curtia era o ronquinho gostoso dos dois carburadores duplos (sim, já existiu isso num carro) e a habilidade da suspensão nas curvinhas mais apertadas.

Impedidos de descer em qualquer bar ou restaurante, foi só mesmo um passeio em que ainda tivemos a sorte de contemplar, de um trecho no alto do morro, um maravilhoso pôr do sol, minutos antes de chegarmos em casa.

Resumo da ópera: fica a sugestão para todos os “quarentenistas” de curtir uma aventurinha idêntica: tire o carro (ou a moto) da garagem, chame sua família, mulher, namorada, ou até sozinho, porque não? Tem quanto tempo você não sai por aí pelo puro prazer de curtir a paisagem, admirar campos, mar ou montanha, sem horário nem destino?


E, para completar, que tal uma cesta no porta-malas para um convescote emoldurado pelo pôr do sol sob o céu do outono?

Ficou curioso para conhecer o pequeno italiano conversível? Eu o apresento no vídeo abaixo:

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