Jornalista automotivo normalmente conhece o carro na época do lançamento, quando ele está pronto para ir às lojas. Nessa etapa, praticamente tudo já foi testado e fica mais fácil passar pelo crivo da imprensa especializada. Mas este ano duas empresas fugiram do padrão, e isso pode ser um bom precedente.
Citroën e Volkswagen decidiram mostrar com muita antecedência modelos que ainda não estão prontos. A primeira submeteu à avaliação em maio deste ano unidades de pré-série do C4 Cactus. Os engenheiros da segunda produziram carros à mão – estes da foto acima -, num trabalho de 21 semanas, e os submeteu às impressões dos jornalistas de vários países.
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Em ambos os casos, havia o risco de o tiro sair pela culatra, se os veículos não agradassem. Mas nada disso deve ter acontecido. No caso do Volkswagen T-Cross, foi uma rara oportunidade de conhecer (e dirigir!) um carro que chegará às lojas não daqui a um mês, mas daqui a quase um ano.
Claro que ações como essas só são possíveis se o automóvel não estiver substituindo nenhum outro da montadora. A Volkswagen está apenas começando sua ofensiva no promissor segmento dos SUVs. Não há como crescer no mercado sem ter um carro nessa categoria, e a Volkswagen está fora do segmento em que estão Honda HR-V, Jeep Renegade, Hyundai Creta e companhia. É exatamente aí que o T-Cross entra. E, se as impressões dos jornalistas forem positivas, podem fazer com que parte do interessados adie a decisão de compra de algum modelo concorrente por alguns meses. A montadora não tem nada a perder nesse caso.
Nada de fotos, por favor
A apresentação aos jornalistas foi cercada de cuidados: as fotos foram fornecidas pela própria montadora, que não permitiu (nem providenciou) fotos do interior do veículo, pela simples razão de que ele não está pronto. Mas forneceu muitas informações, embora os engenheiros tenham fugido de algumas perguntas. Por exemplo, ainda não sabemos sobre os equipamentos que estarão no carro.
Mas pudemos andar bastante, tanto com o T-Cross na Alemanha como com o C4 Cactus, no Brasil. E passamos a ser caça. Rodando por aí com carros disfarçados, a gente passa a ser o alvo de fotos.
Normalmente, o que ocorre é o contrário. Nós é que fotografamos os carros de segredo. E o que fazer nesses casos? O engenheiro que nos acompanhava na Alemanha foi sensato: “Estamos circulando por ruas públicas, não podemos fazer nada”.
O importante é não ligar para celulares apontados para o carro, e aproveitar a rara oportunidade de dirigir um carro que ainda não nasceu.
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