Durma-se com um silêncio desses

Esportivo (ou carro de corrida) precisa fazer barulho – da mesma forma como aroma é importante no vinho -, ou o ruído do motor é um subproduto dispensável?

Crédito: O Porsche 919 Hybrid ganhou Le Mans em silêncio, graças a seus 1.000 cv. Foto: Porsche

É quase um ato natural. Antes do primeiro gole no vinho, qualquer conhecedor mediano inicia o ritual sentindo o aroma da bebida. O perfume não é a qualidade mais importante do vinho, mas é impensável imaginar uma bebida que seja excelente porém inodora.

Fiz esse paralelo por duas razões. Nasceu meu blog, e queria começar com um brinde simbólico. No Blog do HP, pretendo abordar assuntos que envolvam muita potência (muitos HPs), mas sem fugir dos carros com problemas de impotência.

O universo automobilístico é muito variado, e quero compartilhar um pouco da experiência de mais de 30 anos falando sobre ele. Pretendo dividir experiências sobre carros e tudo o que cerca o assunto – tecnologia, mecânica, viagens, perrengues, etc.

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O segundo motivo da menção ao vinho é que fiz uma analogia sobre a bebida e o carro.

Assim como aroma e gosto são indissociáveis no vinho, barulho e potência sempre estiveram intimamente ligados em carros. A diferença é que – no caso dos automóveis – isso está mudando.

Os veículos estão passando por uma revolução – literalmente – silenciosa. Estão mais rápidos e mais econômicos, e tudo sem fazer nenhum alarde. Graças aos motores elétricos, ganharam eficiência sem chamar atenção. Passam sem fazer barulho.


O assunto é polêmico (muita gente não dispensa o ronco), mas uma nova prova dessa eficiência foi dada recentemente, na 24 Horas de Le Mans. O objetivo do blog não é falar de competição, mas, nesse caso, tecnologia.

O vídeo abaixo retrata o final da primeira volta da tradicional corrida francesa. Com menos de três minutos de largada, é possível perceber que passam, disparados na frente, os protótipos híbridos da Porsche e da Toyota, voando na pista, e num silêncio quase absoluto.


Depois de um intervalo, uma enorme clareira na pista, ouve-se um estrondo, o prenúncio da chegada de esportivos tradicionais, equipados com motores a combustão. Passam Aston Martin, Porsche 911 RSR, Ford GT, Corvette, Ferrari 488…

Cada um fazendo seu escândalo particular, e todos andando muito menos que os protótipos silenciosos e com propulsão híbrida.

No caso do Porsche 919 Hybrid, vencedor da corrida, são 1.000 cavalos. A metade é fornecida pelo pequeno motor a combustão 2.0 V4 turbo (isso mesmo, 2.0!), que traciona as rodas de trás. É esse aí da foto.


Os outros 500 cavalos nascem na dianteira. Um gerador recupera energia das frenagens e dos gases de escape. Essa energia é armazenada em baterias e devolvida ao próprio gerador, que funciona como motor e movimenta as rodas da frente.

Não sei quanto a vocês. Particularmente, me encanta ver um carro passar zunindo na pista, sem ensurdecer quem está assistindo. Considero o barulho um subproduto do carro, e, como todo subproduto, dispensável.


Mas entendo quem não abre mão do ruído. Na mesma corrida, não havia como ficar indiferente diante da passagem do Aston Martin. Ou do 911. Eles eram os coadjuvantes saudosistas da prova.

O barulho, aliás, é tão importante que alguns fabricantes passaram a fornecê-lo de modo artificial. Os ruídos simulando motor saem pelo sistema de som do carro. Por isso, são mais audíveis por quem está dentro do que por quem está do lado de fora.

Mas aí seria o aroma artificial do vinho…


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