E quem vai pagar pela carga do carro elétrico?

Já há em São Paulo alguns locais para recarga de carros elétricos, mas, à medida que as vendas desse tipo de veículo aumentarem, pode ter certeza de que o “almoço grátis” vai acabar. Nos EUA é assim.

Dados saíram de uma pesquisa feita pela equipe global do Google e consideram o período entre abril de 2022 e abril de 2023 Crédito: Hairton Ponciano/Estadão

A ideia parece boa: deixar de gastar dinheiro no posto de combustível e “encher o tanque” na tomada. Aos poucos, é isso o que está acontecendo com os carros elétricos, seja na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil – em um nível muito menor, claro. Mas quem paga o “abastecimento”?

No Brasil, temos a (falsa) ideia de que no mundo desenvolvido (onde os elétricos e os híbridos plug-in são vistos com facilidade nas ruas) podem ser recarregados em qualquer lugar. Mas não é bem assim.

Para começar, prioritariamente as baterias estão sendo recarregadas em casa. A ideia é que o dono utilize o veículo durante o dia e realize a recarga durante a noite. Nos EUA, a tarifa elétrica é menor durante a madrugada, para desestimular o uso nos horários de pico, normalmente no final da tarde e início da noite.

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Em linhas gerais, recarregar a bateria é mais barato do que encher o tanque de gasolina (mesmo nos EUA, onde o combustível é muito mais barato do que aqui). Como comparação, na Califórnia um litro de gasolina é mais barato que um litro de etanol no Brasil, e, obviamente, rende mais. Mas o consenso é que o dono do carro pague pela recarga. Também nesse caso “não há almoço grátis”. Nem eletricidade.

Ninguém deve achar que irá deixar o carro carregando no estacionamento do trabalho. Pode ser que no início foi assim nos países mais desenvolvidos, mas pode ter certeza de que as tomadas foram retiradas dos estacionamentos à medida que vários funcionários passaram a ir trabalhar de carros elétricos.


Eles não gastam um absurdo para serem recarregados, mas gastam. De acordo com a Porsche, um Panamera Hybrid plug-in (à venda no Brasil desde o final do ano passado) conectado na tomada “puxa” o equivalente a um chuveiro elétrico (mais informações sobre o carro aqui).  Nenhum patrão vai querer pagar essa conta.

Tomadas pagas

Por causa disso, os postos de recarga pagos foram se alastrando nos países onde a demanda é grande. Dirigi um BMW híbrido, 740e, pela Califórnia, e nas minhas andanças encontrei apenas um hotel com ponto gratuito de recarga, e ele ficava no local mais improvável do roteiro: em Barstow, uma pequena cidade encravada no meio do deserto do Mojave.


O que se vê, na maioria dos casos, são os pontos de recarga pagos. E, o que é pior, para usá-los, não basta passar o cartão de crédito: é preciso ter um aplicativo no smartphone. Mas ele só está disponível nas lojas virtuais (como Apple Store e Google Play) dos EUA. Por isso, apesar dos pontos à disposição em locais de grande movimento, entre os quais outlets e parques da Disney, não foi possível carregar o carro.

O que já acontece nesses países vai chegar ao Brasil em questão de tempo. Já há alguns pontos de recarga em alguns postos de serviço, e outros estão sendo implantados. A própria BMW é parceira de um projeto que prevê a criação de um “corredor” de recarga na via Dutra, que liga São Paulo e Rio de Janeiro.

Mas vamos precisar de mais tomadas. Porque os elétricos vêm aí.


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