Eletricidade nas veias

Há quem diga que tem “gasolina nas veias”, como forma de manifestar seu gosto por automóveis. Pois, após dirigir oito carros eletrificados (quatro híbridos e quatro puramente elétricos), já digo que a eletricidade está dividindo espaço com a gasolina em minhas veias.

Crédito: A avaliação com o Tesla Modelo S pelas ruas de São Paulo foi rápida, mas prazerosa. Foto: Amanda Perobelli/Estadão

No passado, quem gostava muito de automóvel invariavelmente dizia que tinha “gasolina nas veias”. Desconfio que estamos entrando em uma fase de transição, e é provável que em pouco tempo a paixão por carro poderá ser verbalizada por “eletricidade nas veias”.

Passei quase um mês dirigindo veículos puramente elétricos e híbridos (que conjugam motores elétricos e a combustão) para a reportagem publicada em cinco páginas na edição do dia 7 de fevereiro do Jornal do Carro (uma versão menor está aqui). E foi um período gratificante. Posso dizer que não retirei toda a gasolina das minhas veias. Ela continua lá, e já divide o espaço, há muito tempo, com etanol. Mas a eletricidade já garantiu seu espaço.

Cada um dos oito modelos avaliados (quatro elétricos e quatro híbridos) tinha algo de especial, e alguns têm o dom de te conquistar. Por exemplo: como não se encantar diante do visual ou do desempenho do híbrido i8, da BMW? Ou do Porsche Panamera?

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Mas não são apenas os esportivos potentes que agradam. Uma das boas surpresas foi o Chevrolet Bolt. Os primeiros carros elétricos eram reféns da baixa autonomia. Mas o Bolt consegue andar mais de 300 quilômetros com uma carga de bateria. E não é só isso: seu motor de 200 cv garante desempenho pra lá de satisfatório. De acordo com a montadora, ele é capaz de acelerar de 0 a 96 km/h (0 a 60 milhas/hora) em 6,5 segundos. Isso é número de esportivo! E sem fazer barulho.

E o que dizer do Tesla? Muita coisa. O carro tem ótimo desempenho, espaço (tanto para pessoas como no porta-malas) incomum para um esportivo e muita tecnologia embarcada. Para se ter uma ideia, até o acionamento do teto solar é controlado pela enorme tela digital de 17 polegadas, no painel.

Como tudo que é novo, os carros eletrificados têm algumas pedras no caminho. Para começo de conversa, há quem torça o nariz para a falta de barulho. Também sinto a falta de um ronco de Ferrari, Corvette, Mustang, Mercedes AMG, Porsche, etc. Fazer o quê? Nem tudo é perfeito.


Há também a questão da energia. Quando carro elétrico for maioria no mundo, haverá energia elétrica para todos? Teoricamente, além das formas tradicionais (hidráulica, térmica e nuclear) há pelo menos um campo ainda pouco explorado, caso da energia solar. E sem falar da eólica.

Enfim, carro elétrico não é unanimidade, assim como veículo com motor a explosão também enfrentou resistência e descrédito há pouco mais de um século.

O caminho será longo, mas o fato é que é preciso criar alternativas ao combustível fóssil.


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