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Lingotto, a pista que te levava às alturas

Há quase um século, a Fiat fez uma fábrica que tinha uma inusitada pista de testes na cobertura

Hairton Ponciano

05 de jan, 2019 · 5 minutos de leitura.

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Crédito: A pista no último andar da fábrica de Lingotto, em Turim, tem duas retas e duas curvas parabólicas (inclinadas), e servia para testar os carros que saíam da linha de produção. Foto: Hairton Ponciano/Estadão

Pistas de testes sempre tiveram uma aura especial. Afinal, é ali que pilotos arriscam a vida, levando ao limite motores, freios, pneus, suspensão… Agora, se tudo isso já é suficientemente arriscado no nível do chão, imagine no alto de um prédio! Pois foi exatamente isso o que fez a Fiat, na Itália, há um século.

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A antiga fábrica de Lingotto, em Turim, tinha uma pista de testes na cobertura, algo inusitado mesmo nos dias de hoje. A ideia parece não ter muito sentido, e, até por isso, continua a ser visitado. Apesar de não ter sido projetada para competições automobilísticas, servia para testar carros recém-saídos da linha de produção.

Ok, provavelmente nenhum piloto da fábrica estava autorizado a disputar curvas e freadas com o companheiro. Mas isso não era garantia de segurança. E se uma roda caísse? E se o volante se soltasse? Acidentes acontecem até hoje, com controles de qualidade muito mais exigentes. Imagine há 70, 80 anos. Bom, o fato é que não se tem notícia de algum carro despencando do sexto andar do edifício Lingotto.

O prédio foi inaugurado em 1923, após sete anos de construção. Foi um dos primeiros edifícios desse porte construído em concreto armado. A pista da cobertura tem duas retas de 494 metros, ligadas por duas curvas parabólicas. Elas têm uma grande inclinação, para permitir que os veículos a contornassem sem ter de reduzir muito a velocidade. A inclinação é tanta que é até difícil ficar em pé nela.


Montagem de baixo para cima

Além da pista, outra inovação de Lingotto era a linha de produção ascendente. Conta-se que a empresa se inspirou no método de produção em série criado por Henry Ford, nos Estados Unidos. A diferença é que as peças ficavam dispostas pelos andares do prédio. Os carros começavam a ser montados no térreo e iam subindo por uma rampa. Quando ficavam prontos, seguiam para a pista. E, assim, davam seus primeiros passos literalmente nas alturas.


A fábrica deixou de fazer carros e entrou para a história em 1982. Mas o prédio e a pista continuam lá. Atualmente, o edifício é ocupado por um centro comercial, com lojas, dois hotéis, supermercado, cinemas e a Pinacoteca Giovanni e Marella Agnelli. A família Agnelli, acionista majoritária da Fiat (e da FCA), ainda é a proprietária do imóvel.

A pista está desativada. Há obstáculos impedindo o percurso completo, mas pode ser visitada a pé. O espaço abriga eventos particulares. Mas, se não estiver reservado, pode ser visitado. Para isso, basta adquirir o ingresso para a pinacoteca (a 10 euros, cerca de R$ 43).


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