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No trânsito, somos todos selvagens

Com o tempo, nos acostumamos a enxergar um inimigo atrás de cada volante, e um oponente debaixo de cada capacete. O trânsito é o campo de guerra

Hairton Ponciano

20 de mar, 2018 · 4 minutos de leitura.

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Carro avança sobre faixa de pedestres no sinal vermelho, uma cena cotidiana no trânsito de São Paulo
Crédito: Daniel Teixeira/Estadão

Quem dirige em São Paulo recebe diariamente sua dose de agressividade do trânsito. Com o tempo, nos acostumamos a enxergar um inimigo atrás de cada volante, ou sob cada capacete. As mínimas normas de convivência pacífica e educada desaparecem diante da possibilidade de ganhar alguns metros, mesmo que para isso seja preciso fechar alguém ou se arriscar fazendo uma ultrapassagem perigosa. Semáforo amarelo é verde. Vermelho é amarelo.

Trânsito se transformou em local de disputa. E ninguém percebeu que, ao contrário do que ocorre em pistas de competição, no final não há vencedores. Apenas perdedores.

E o pior é que não estamos no fundo do poço. Quando você começa a achar que nada pode ser pior do que o trânsito de São Paulo, há sempre alguém do Rio, de Belo Horizonte ou de alguma outra capital dizendo que “lá é pior”.

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Outro dia, estava caminhando pelas ruas de Buenos Aires, num breve intervalo na programação de lançamento do Citroën C4 Lounge (a quem se interessar, minhas impressões sobre o sedã estão aqui).

E, como sempre faço nessas oportunidades, observava o comportamento de motoristas, motociclistas e pedestres.

Buenos Aires está com o trânsito ainda mais complicado que o habitual, por causa de obras que deverão mudar o visual na região da já belíssima Puerto Madero, uma antiga área portuária que foi revitalizada e hoje abriga restaurantes, hotéis e lojas elegantes. Tudo muito bonito, mas atualmente com muita poeira e um trânsito caótico (é o preço da obra).


Mesmo assim, presenciei cenas que não me lembro de ter visto por aqui. No meio de uma tarde quente de verão, caiu um pé d’água. Isso costuma ser um ingrediente a mais na guerrilha urbana do trânsito.

Enquanto o semáforo estava fechado, vi um motociclista sinalizar para o motorista ao lado, por mímica, que estava molhado e com frio, e que gostaria de estar com a bomba de chimarrão que o motorista sorvia tranquilamente, enquanto aguardava o farol verde. Ambos riram e seguiram seus caminhos.

Nos Estados Unidos, em cruzamentos sem semáforo, normalmente o trânsito respeita a ordem de chegada. Para começar, na maioria deles, é proibido cruzar sem parar. E, depois de parar, o motorista só avança na vez dele. Quem estava parado primeiro sai antes, e assim por diante. É o mais justo. A prioridade não é decidida com base no tamanho do automóvel ou na audácia do condutor, como aqui.


Será que um dia vamos superar a barbárie?

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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.