Somos caretas

Gostamos de carro colorido, desde que seja preto, branco ou cinza

Crédito: A Audi escolheu um belo tom de verde para o esportivo RS5. Qual a chance de termos um carro nessa tonalidade aqui? Foto: Hairton Ponciano/Estadão

Nós, brasileiros, somos conhecidos mundo afora pela alegria e extroversão. Somos tidos como afáveis, amigáveis, acolhedores. Tudo isso é verdade, basta conversar com qualquer gringo que eles confirmam.

Mas, ao menos no que se refere a carro, somos conservadores e caretas. Somos cinza. Compramos pensando em vender. Nos privamos de optar por uma cor ou modelo que nos agradaria porque na hora de revender ele poderá “ser desvalorizado”. Cadê a extroversão e a alegria? Quando o assunto é carro, nos fechamos.

Há uma famosa frase atribuída a Henry Ford, na qual o fundador da marca teria dito que o Ford Modelo T poderia ser de qualquer cor, desde que fosse preto. Isso há mais de um século. Hoje, em outro milênio, nossos carros também podem ser de qualquer cor, desde que preto, branco ou cinza.

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No passado, o argumento da desvalorização até que fazia algum sentido, porque, por causa de uma distorção de mercado, automóvel no Brasil era investimento. Por causa de inflação, os novos subiam e os usados acompanhavam. E, quando faltava carro zero-quilômetro no mercado, e quando eles apareciam com ágio, os usados subiam ainda mais. Vem dessa época a ideia de “comprar bem para poder vender bem”, como se carro fosse ação na Bolsa, ou imóvel.

Esses dias tristes passaram e hoje o carro usado perde preço, seja de que cor for. É assim em qualquer lugar do mundo. Cada vez mais, carro tem valor de uso, como uma geladeira ou aparelho de TV.

Por isso, o comprador poderia comprar a cor que gostasse, e não a que o futuro comprador de seu carro talvez queira.


É verdade que carros prata e cinza são maioria em vários países. Mas fora do Brasil a gente vê mais carros coloridos. Recentemente, flagrei dois exemplares que me chamaram a atenção. Um Porsche 911 e um Audi RS5. Ambos verdes. Eu disse verdes!

Para quem está acostumado com a paisagem quase monocromática das ruas brasileiras, é um colírio ver que os gringos – tido como fechados – não têm medo de comprar carros coloridos. No Brasil, mesmo no caso de esportivos, frequentemente se escolhem os clichês: esportivo tem de ser vermelho e ponto final. E por que não o verde?

Pois essa foi a cor escolhida pela Porsche para cobrir a lataria do 911 de número 1 milhão. Ela foi batizada de Irish Green (verde irlandês). Tomara que seja uma tendência, e parece que é. Pelo menos lá fora. Além do belo 911, a Audi também pintou de verde o esportivo RS5. Verde normalmente é uma cor associada à natureza, e portanto aos carros de baixa ou nenhuma emissão, como os elétricos e híbridos. Mas me digam se não acham que a cor caiu bem a esses esportivos.


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