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Belisa Frangione
Foi a falta de tempo para conviver com os filhos que levou Cleonice Queiroz Donato, de 40 anos, a tornar-se motorista de van escolar. Ela era encarregada administrativa em um escritório e dependia de transporte público para ir ao trabalho.
“Era impossível chegar a tempo nas reuniões da escola dos meus filhos. Eu não conseguia mais acompanhar a rotina escolar deles. Decidi que não iria mais trabalhar tão longe”, afirma.
Tomada a decisão, Cleonice e o marido, Gilson, montaram uma padaria perto de casa, em frente a uma escola estadual em Francisco Morato, onde ele trabalha com transporte de alunos.
Muitos estudantes que frequentavam a padaria passaram também a utilizar os serviços de transporte de Gilson, que foi obrigado a aumentar a frota. Enquanto um novo motorista não era contratado, Cleonice o auxiliava com outra van. Foi com esse favor ao marido que ela descobriu uma outra paixão e passou a atender também por Tia Cleo. “O que era provisório passou a ser minha profissão.”
Cleonice conta que, no começo, as crianças estranharam a presença da nova motorista, mas a receptividade das mães foi muito positiva. “Elas vinham até mim para dizer que preferiam uma mulher transportando seus filhos. Que comigo dava para conversar de mãe para mãe.”
O dia de Cleonice começa às 5h30, quando ela sai para levar os alunos do turno da manhã. Em seguida, volta para a padaria e fica até 11h30, quando busca as crianças e entrega os estudantes do período da tarde.
Das 16h30 às 18h30 ela leva a última turma para casa. E finalmente, às 20h, ela encerra o expediente na padaria.
“Gostar muito do que se faz e, claro, gostar muito de crianças. Essa é minha dica para as mulheres motoristas como eu”, diz.