Cleide Silva e Lu Aiko Otta
Entra em vigor hoje o aumento de 30% para as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados. O repasse total aos preços poderia significar alta de 26% a 28% ao consumidor, mas a maioria dos importadores deve manter as tabelas pelo menos até janeiro. Depois, os preços podem aumentar entre 10% e 15%, “sacrificando margens de lucro”, segundo alegam.
Em novembro, as vendas de modelos importados por empresas independentes (sem fábricas no País) cresceram 13,8% em relação a outubro e 57% ante igual mês de 2010. Revendedores de marcas de luxo como Audi e BMW registraram corrida às lojas nas últimas semanas.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), José Luiz Gandini, informa, contudo, que a participação dos importados nas vendas totais em novembro caiu para 4,95%, ante 5,03% em outubro. No ano, passou para 5,82% – em 2010 chegou a 3,13%.
Carros feitos no Brasil, com índice de nacionalização acima de 65%, e os modelos feitos no Mercosul e no México ficam de fora do decreto. Ao determinar a medida, que a princípio deve vigorar até o fim de 2012, o governo alegou necessidade de proteger a indústria local.
Vários importadores anteciparam compras com a alíquota atual, que vai de 7% a 25%. A Chery, chinesa que está construindo fábrica em São Paulo, conseguiu dois embarques com cerca de 3 mil automóveis, suficientes para mais de um mês de vendas. A JAC Motors, outra chinesa que anunciou fábrica na Bahia, informa que não vai alterar seus preços neste ano.
Apesar da pressão, o governo não deve alterar as regras do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis importados antes de janeiro de 2013. Até lá não haverá um regime especial alternativo para as indústrias que querem se instalar no País mas ainda não cumprem as exigências para escapar do aumento do IPI.
Tampouco haverá, ao longo de 2012, alteração na forma de cálculo do índice de 65%. Hoje a taxa é calculada sobre o valor de venda do veículo. Por isso, entram na conta itens como publicidade e margem de lucro das revendas. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse que pelos critérios atuais uma montadora consegue cumprir os 65% usando apenas 8% de autopeças fabricadas no Mercosul.
Ele propõe que o índice de conteúdo local seja calculado sobre o custo do automóvel. Nesse caso, seriam necessárias de 22% a 25% de autopeças nacionais para atingir os 65%.